Trajetória de mulheres para a câmara federal

Uma abordagem prosopográfica utilizando a análise de correspondência múltipla

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14244/tp.v32i00.963

Palavras-chave:

Gênero, Instituições, Mulheres, Trajetórias

Resumo

Esse artigo buscou analisar a trajetória das mulheres deputadas federais de 2003 a 2018, utilizando a prosopografia como instrumento metodológico, a fim de comparar as carreiras delas no percurso para alcançar a representação na Câmara Federal e como se articulam internamente. Foram 260 entradas de deputadas analisadas em diversas variáveis e posteriormente confrontadas entre si em busca de similaridades e distinções. Entre as dimensões que nos auxiliaram a compreender o caminho dessas representantes estão: parentesco, escolaridade, pertencimento às comunidades de base, religião, profissão, cargos ocupados ao longo da vida e ocupações dentro dos partidos políticos, como também o próprio percurso partidário. A partir dessas informações, construímos um apanhado de perfis que tem como interesse instrumentalizar a análise das trajetórias dessas mulheres no contexto desse trabalho. Posteriormente, cruzamos essas informações com três disposições institucionais, quais sejam, lideranças no interior da Câmara Federal, Comissões Ocupadas e Reeleição, a fim de visualizar a distribuição dos tipos identificados dentro do cenário institucional. Em nossos achados identificamos sete grupos específicos: Familiar, Administrativo, Movimentos Sociais, Movimentos Estudantis, Mídia, Sindicalismo e Religião. Ao longo do período analisado, o grupo familiar teve o maior crescimento, seguido do administrativo, observado uma lógica já observada em trabalhos anteriores. Além, os relacionamentos institucionais desses grupos sofrem modificações de acordo com a trajetória analisada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leonardo Aires De Castro, Secretaria de Educação do Estado de Goiás

Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) (Professor de Educação Básica, SEDUC-GO).

Referências

ANTONIO, G. H. B. DE; LAHUERTA, M. O neopentecostalismo e os dilemas da modernidade periférica sob o signo do novo desenvolvimentismo brasileiro. Revista Brasileira de Ciência Política, [S. l.], p. 57–82, ago. 2014.

ARAÚJO, C. Rotas de ingresso, trajetórias e acesso das mulheres ao legislativo: um estudo comparado entre Brasil e Argentina. Revista Estudos Feministas, [S. l.], v. 18, n. 2, p. 567–584, ago. 2010.

ARAÚJO, C.; ALVES, J. E. D. Impactos de indicadores sociais e do sistema eleitoral sobre as chances das mulheres nas eleições e suas interações com as cotas. Dados, [S. l.], v. 50, n. 3, p. 535–577, 2007.

ARAÚJO, C. M. DE O.; BORGES, D. Trajetórias políticas e chances eleitorais: analisando o “gênero” das candidaturas em 2010. Revista de Sociologia e Política, [S. l.], v. 21, n. 46, p. 69–91, jun. 2013.

BOLOGNESI, B.; DE MEDEIROS, P. Aspectos motivacionais do recrutamento político: um estudo inicial dos candidatos a deputado federal no Brasil (2010). 2014.

BOURDIEU, P. Distinction: a social critique of the judgement of taste. London: Routledge, 2010.

BOURDIEU, P. O campo político. Revista Brasileira de Ciência Política, [S. l.], v. 5, p. 193–216, 2011.

BRINGEL, B. O futuro anterior: continuidades e rupturas nos movimentos estudantis do Brasil. EccoS – Revista Científica, [S. l.], v. 11, n. 1, p. 97–122, 31 jul. 2009.

CARDOSO, A. M. Dimensões da crise do sindicalismo brasileiro. Caderno CRH, [S. l.], v. 28, p. 493–510, dez. 2015.

DANTAS, E. G. et al. Prosopografia dos ajudantes do Ministério da Fazenda: uma análise das lógicas de recrutamento, dos itinerários profissionais e do perfil social do segundo escalão. 41o Encontro Anual da Anpocs, [S. l.], n. 41, 2017.

ENGLER, I. G. DA F. Ricos e políticos: uma análise da origem familiar, trajetória profissional e carreira política dos 30 deputados federais brasileiros com maior patrimônio econômico da 55a Legislatura (2015-2019). Colombia Internacional, [S. l.], n. 95, p. 137-164, 1 jul. 2018.

FOLKE, O.; RICKNE, J. Electoral Competition and Gender Differences in Political Careers. Quarterly Journal of Political Science, [S. l.], v. 11, n. 1, p. 59-102, 18 abr. 2016.

HUSSON, F.; LÊ, S.; PAGÈS, J. Exploratory multivariate analysis by example using R. 2. ed. Boca Raton: CRC Press, 2017.

KROOK, M. L. Why Are Fewer Women than Men Elected? Gender and the Dynamics of Candidate Selection. Political Studies Review, [S. l.], maio 2009.

LOVENDUSKI, J.; NORRIS, P. (ed.). Gender and party politics. London; Thousand Oaks, Calif: Sage Publications, 1993.

MARCELINO, P.; GALVÃO, A. O sindicalismo brasileiro diante da ofensiva neoliberal restauradora. Tempo Social, [S. l.], v. 32, p. 157-182, 11 maio 2020.

MARENCO, A.; SERNA, M. Por que carreiras políticas na esquerda e na direita não são iguais? Recrutamento legislativo em Brasil, Chile e Uruguai. Revista Brasileira de Ciências Sociais, [S. l.], v. 22, n. 64, p. 93-113, jun. 2007.

MARQUES, D. Gênero e carreira política: o que diferencia deputadas e deputados federais. 2010. 28 p.

MARTINS, T. J.; DONADONE, J. C. Realidade e desejo: as trajetórias formativas e profissionais de um grupo de elite no mundo das finanças. Estudos de Sociologia, [S. l.], v. 22, n. 43, 2018.

MATLAND, R. E. Enhancing Women’s Political: Legislative Recruitment and Electoral Systems. In: Women in Parliament: Beyond Numbers. [S. l: s. n.], 2005.

MIGUEL, L. F.; BIROLI, F. Práticas de gênero e carreiras políticas: vertentes explicativas. Revista Estudos Feministas, [S. l.], v. 18, n. 3, p. 653-679, dez. 2010.

MIGUEL, L. F.; MARQUES, D.; MACHADO, C. Capital Familiar e Carreira Política no Brasil: Gênero, Partido e Região nas Trajetórias para a Câmara dos Deputados. Dados, [S. l.], v. 58, n. 3, p. 721-747, set. 2015.

NEMER, D. De las fake news a la radicalización en línea: el caso del auge de la extrema derecha en Brasil. In: Extremas Derechas y Democracia: Perspectivas Iberoamericanas. Fundación Carolina, 2023. p. 173-192. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=8974144. Acesso em: 14 jul. 2023

NORRIS, P. Recrutamento político. Revista de Sociologia e Política, [S. l.], v. 21, n. 46, p. 11-32, jun. 2013.

PERISSINOTTO, R. M.; CODATO, A. N. (ed.). Como estudar elites. Curitiba, Paraná, Brasil: Editora UFPR, 2015.

PINTO, C. R. J.; SILVEIRA, A. Mulheres com carreiras políticas longevas no legislativo brasileiro (1950-2014). Opinião Pública, [S. l.], v. 24, n. 1, p. 178-208, abr. 2018.

PRAINO, R.; STOCKEMER, D. The Career Length and Service of Female Policymakers in the US House of Representatives. Government and Opposition, [S. l.], v. 53, n. 3, p. 437-460, jul. 2018.

RAMOS DE OLIVEIRA, E. O fenômeno MBL: protagonismo no apogeu de novas frações da direita na política brasileira (2013-2018). 2023. Dissertação (Mestrado) – Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, Fundação Perseu Abramo, São Paulo, 2023.

ROSSIER, T. Prosopography, Networks, Life Course Sequences, and so on. Quantifying with or beyond Bourdieu? Bulletin of Sociological Methodology/Bulletin de Méthodologie Sociologique, [S. l.], v. 144, n. 1, p. 6-39, 1 out. 2019.

SACCHET, T. Partidos políticos e (sub)representação feminina: um estudo sobre recrutamento legislativo e financiamento de campanhas. In: PAIVA, D. (org.). Mulheres, Política e poder. Goiânia: Cânone Editorial, Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Goiás, 2011.

SCHWINDT-BAYER, L. A. Women Who Win: Social Backgrounds, Paths to Power, and Political Ambition in Latin American Legislatures. Politics & Gender, [S. l.], v. 7, n. 01, p. 1-33, mar. 2011.

SETTON, M. DA G. J. A teoria do habitus em Pierre Bourdieu: uma leitura contemporânea. Revista Brasileira de Educação, [S. l.], n. 20, p. 60-70, ago. 2002.

SILVA, L. G. T. DA. O Brasil ao pé da cruz: notas sobre a representação política de pentecostais e neopentecostais. Pensamento Plural, [S. l.], n. 17, p. 101-127, 2016.

SILVA, T. C. DA. Somos Governo!: uma análise do sindicalismo brasileiro nos anos de 2003 a 2016. São Paulo: Universidade de São Paulo, 15 mar. 2023.

WYLIE, K. Party institutionalization and women’s representation in democratic Brazil. Cambridge, United Kingdom; New York, NY: Cambridge University Press, 2018.

Publicado

15/12/2023

Como Citar

DE CASTRO, L. A. Trajetória de mulheres para a câmara federal: Uma abordagem prosopográfica utilizando a análise de correspondência múltipla. Teoria & Pesquisa Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. 00, p. e023022, 2023. DOI: 10.14244/tp.v32i00.963. Disponível em: https://www.teoriaepesquisa.ufscar.br/index.php/tp/article/view/963. Acesso em: 3 maio. 2024.

Métricas