Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023006, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1051 1
A REPRESENTAÇÃO SUBSTANTIVA FEMININA NA CÂMARA LEGISLATIVA
BRASILEIRA, NO PERÍODO DE 2003 A 2015
REPRESENTACIÓN SUSTANCIAL FEMENINA EN LA CÁMARA LEGISLATIVA DE
BRASIL, DE 2003 A 2015
FEMALE SUBSTANTIAL REPRESENTATION IN THE BRAZILIAN LEGISLATIVE
CHAMBER, FROM 2003 TO 2015
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA1
e-mail: paulacavalcante7@hotmail.com
Como referenciar este artigo:
LIMÃO DA SILVA, A. P. C. A representação substantiva feminina
na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015. Teoria
& Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp.
1, e023006, 2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1051
| Submetido em: 30/06/2023
| Revisões requeridas em: 22/02/2023
| Aprovado em: 17/04/2023
| Publicado em: 30/06/2023
Editora:
Profa. Dra. Simone Diniz
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade Cesumar (UNICESUMAR), Maringá PR Brasil. Professora para cursos de formação superior.
Pesquisadora do Laboratório de eleições, partidos e Política Comparada Lappcom / IFCS/UFRJ e
PPGCS/UFRRJ. Doutorado em Ciência Política (UFSCar).
A representação substantiva feminina na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar um mapeamento do perfil parlamentar
das deputadas que assumiram mandatos nas legislaturas de 2003-2007, 2007-2011 e 2011-2015,
por meio da análise da produção legislativa dessas mulheres, com ênfase na proposição de
projetos de lei relacionados a temas sobre as mulheres. O objetivo é verificar até que ponto a
atuação parlamentar feminina resulta em uma representação substantiva na Câmara Legislativa
Federal brasileira. Esta pesquisa baseia-se em um debate teórico sobre as principais concepções
da representação política, especialmente a representação substantiva e suas ramificações no
espaço político. Portanto, considera-se a representação substantiva a partir da atividade do
representante, ou seja, do conteúdo das ações políticas desse líder e sua correspondência com
os interesses do eleitorado. Os dados deste estudo foram coletados no Portal da Câmara dos
Deputados, identificando a naturalidade e a filiação partidária das deputadas, o número de
projetos de lei propostos por cada parlamentar, o tipo de autoria da proposição e a situação da
matéria no processo legislativo. No caso das proposições arquivadas, foram coletadas
informações sobre os motivos desse arquivamento. Também foi analisado o conteúdo de cada
projeto proposto, e com base nas comissões que debateram a matéria, definiu-se uma
classificação de 27 temas abordados pelas deputadas em seus projetos. Este artigo destaca que
as parlamentares propõem um número de projetos proporcional ao de seus colegas homens.
Mais de 50% das proposições são de autoria única e, em relação aos temas abordados, eles estão
relacionados tanto a áreas de “cuidado” quanto a áreas consideradas “masculinas”, como
trabalho, economia, finanças e tributação, administração e serviço público. No que diz respeito
a temas feministas e para mulheres, essas propostas representam apenas 12% do total,
abordando assuntos como trabalho, saúde da mulher e violência contra as mulheres. Em resumo,
a sub-representação feminina na política é uma barreira a ser superada, mas avanços
significativos na atuação parlamentar das mulheres eleitas. Elas estão debatendo temas
considerados masculinos e atuando de forma autônoma no Parlamento. Assim, esta pesquisa
ressalta a importância da presença de grupos minoritários em cargos eletivos. No caso das
deputadas, o aumento de sua representação política fortalece a representação substantiva
feminina e pode contribuir para que as questões de gênero sejam mais visíveis nas agendas dos
parlamentares de ambos os sexos.
PALAVRAS-CHAVE: Deputadas federais brasileiras. Representação substantiva.
Comportamento parlamentar feminino.
RESUMEN: Este artículo se propone presentar un mapeo del perfil parlamentario de las
diputadas que asumieron mandatos en las legislaturas 2003-2007, 2007-2011 y 2011-2015, a
través del análisis de la producción legislativa de estas mujeres, con énfasis en la propuesta
de proyectos de ley que traten temas sobre la mujer, con el fin de verificar en qué medida la
actuación parlamentaria femenina resulta en una representación sustantiva en la Cámara
Legislativa Federal brasileña. Esta investigación parte de un debate teórico sobre las
principales concepciones de representación política, con énfasis en la representación
sustantiva y sus consecuencias en el espacio político. Así, la representación sustantiva se
considera desde la actividad del representante, es decir, desde el contenido de la acción
política de ese der y cuál es su correspondencia con los intereses del electorado. Los datos
para este trabajo fueron recolectados en el Portal de la Cámara de Diputados, identificando
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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el lugar de nacimiento y filiación partidaria de los diputados, número de proyectos de ley
propuestos por cada parlamentario, tipo de autoría de la propuesta, situación del asunto en el
trámite legislativo y en el caso de propuestas archivadas, se recogió el motivo del archivo.
También se verificó el contenido de cada proyecto propuesto y con base en las comisiones que
debatieron el tema, se definió una clasificación de 27 temas abordados por los diputados en
sus proyectos. Este artículo muestra que las parlamentarias proponen una cantidad de
proyectos proporcional a sus colegas hombres, más del 50% de las propuestas son de un solo
autor y en cuanto a los temas de las propuestas, se refieren a áreas relacionadas con el
“cuidado” y con la en igual medida en áreas “duras”, tales como trabajo, economía, hacienda
y tributación, administración y servicio público. En relación a los temas de las agendas
feministas y de mujeres, suman un porcentaje de sólo el 12% de las propuestas presentadas,
parece que estos asuntos abordan temas relacionados con el trabajo, la salud de las mujeres y
la violencia contra las mujeres. En definitiva, la infrarrepresentación femenina en la política
es una barrera a romper, sobre las mujeres electas se identifican avances importantes en su
desempeño parlamentario, se encuentran debatiendo temas considerados masculinos y
presentan una acción autónoma en el Parlamento, por lo que esta investigación apunta a
importancia de la presencia de grupos minoritarios en los cargos de elección popular. En el
caso de las diputadas, la mayor presencia de mujeres en este espacio político fortalece la
representación femenina sustantiva, además de poder contribuir a que los temas de género
sean más visibles en las agendas de los parlamentarios de ambos sexos.
PALABRAS CLAVE: Diputados federales brasileños. Representación sustantiva.
Comportamiento parlamentario femenino.
ABSTRACT: This article aims to present a mapping of the parliamentary profile of female
deputies who assumed mandates in the legislatures of 2003-2007, 2007-2011, and 2011-2015,
through the analysis of their legislative production, emphasizing the proposition of bills related
to women's issues. The objective is to verify to what extent female parliamentary activity results
in substantive representation in the Brazilian Federal Legislative Chamber. This research is
based on a theoretical debate about the main conceptions of political representation, especially
substantive representation, and its ramifications in the political space. Therefore, substantive
representation is considered based on the representative's activity, that is, the content of their
political actions and their correspondence with the interests of the electorate. The data for this
study were collected from the Chamber of Deputies' website, identifying the place of birth and
party affiliation of the female deputies, the number of bills proposed by each parliamentarian,
the type of authorship of the proposition, and the status of the matter in the legislative process.
In the case of archived propositions, information about the reasons for archiving was also
collected. The content of each proposed bill was analyzed, and based on the committees that
discussed the matter, a classification of 27 topics addressed by the female deputies in their bills
was established. This article highlights that female parliamentarians propose several bills
proportional to their male colleagues. Over 50% of the propositions are authored solely by the
female deputies, and in terms of the topics addressed, they are related to both "care" areas and
areas considered "masculine," such as labor, economy, finance and taxation, administration,
and public service. Regarding feminist and women-related topics, these proposals represent
only 12% of the total, addressing issues such as work, women's health, and violence against
A representação substantiva feminina na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015
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women. In summary, female underrepresentation in politics is a barrier to be overcome, but
there have been significant advances in the parliamentary activity of elected women. They are
debating topics considered masculine and acting autonomously in Parliament. Thus, this
research highlights the importance of minority groups in elected positions. In the case of female
deputies, the increase in their political representation strengthens substantive female
representation and can contribute to gender issues becoming more visible on the agendas of
parliamentarians of both sexes.
KEYWORDS: Brazilian federal deputies. Substantive representation. Female parliamentary
behavior.
1. Introdução
Este artigo realiza um mapeamento do perfil parlamentar feminino por meio de dados
sobre a produção legislativa das deputadas federais brasileiras nas legislaturas de 2003 2007,
2007 2011 e 2011 2015, com destaque para o tipo de proposição de projetos de leis com
temas feministas e voltados para mulheres. A pesquisa se baseia em um debate bibliográfico
que propõe considerar novas formas de representação política, com ênfase na representação
substantiva, conforme indicado pelos trabalhos de Pitkin (1972), Phillips (2001), Mansbridge
(2003), Urbinati (2006a, 2006b), Warren (2006) e Young (2006).
Nesse contexto, o objetivo deste artigo é analisar a presença feminina sob a perspectiva
da representação substantiva e seus desdobramentos no Parlamento brasileiro. Com base em
dados sobre a sub-representação e os canais de acesso das mulheres na política, propomos
realizar uma análise da atuação política das mulheres e investigar se representação
substantiva em suas ações parlamentares e quais são os resultados dessa forma de
representação.
Para a construção desta pesquisa, utilizamos uma metodologia quantitativa e qualitativa.
Almeida, Lüchmann e Ribeiro (2012) e Silva (2015) organizaram uma base de dados contendo
as seguintes informações: deputadas federais por legislatura, projetos de leis apresentados por
cada uma delas, número de projetos transformados em lei, classificação por área temática e
observações complementares referentes às legislaturas de 2003 2007, 2007 2011 e 2011
2015. Essa base de dados foi complementada com a inclusão de novas variáveis referentes à
síntese do conteúdo das ementas dos projetos propostos e o resultado do trâmite legislativo
durante as legislaturas consideradas neste estudo.
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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A coleta dos dados foi realizada no Portal da Câmara dos Deputados durante o período
de julho a setembro de 2018, e a transposição dos dados para o Programa Estatístico SPSS foi
realizada entre os meses de outubro e dezembro do mesmo ano. Isso permitiu a realização de
testes de frequência entre as variáveis presentes no banco de dados desta pesquisa.
Quanto à proposição de projetos com autoria feminina, observa-se que as deputadas
apresentam projetos nas áreas do cuidado, como educação, saúde, criança e adolescente, código
penal e violência. No entanto, destaca-se o avanço dessas mulheres na proposição de projetos
em áreas “hards”, como trabalho, economia, finanças, tributação, administração e serviço
público. Em relação ao tipo de autoria dessas proposições, verifica-se que 85% dos projetos são
de autoria única, no entanto, os planos aprovados tendem a ser de autoria conjunta. Em relação
aos projetos com pautas feministas e voltados para mulheres, as deputadas propõem uma
porcentagem reduzida de proposições que tratam dos interesses das mulheres no mundo do
trabalho, situação de violências e cuidados com a saúde feminina.
A reeleição de mulheres no Parlamento representa uma forma de representação
substantiva, mostrando que essas mulheres estão se consolidando nesse espaço, apesar das
barreiras enfrentadas para conquistar um cargo eletivo, motivadas por fatores culturais e sociais.
Dessa forma, a reeleição significa superar essas dificuldades, e estudos futuros podem indicar
se essas deputadas permanecem nesses cargos por corresponder aos interesses de seus eleitores.
Quanto aos obstáculos para a representação substantiva feminina, observa-se que o
baixo número de mulheres no Parlamento pode interferir em suas atividades parlamentares.
Identifica-se que a maioria das cadeiras nas bancadas estaduais e partidárias é ocupada por
homens, portanto, o aumento da presença feminina pode contribuir para um maior número de
projetos sobre temas relacionados às mulheres.
Em relação à aprovação das proposições, apenas 4% das matérias propostas com autoria
feminina resultam em normas jurídicas. Quanto ao conteúdo dessas matérias, abrangem temas
como datas comemorativas, nomeações e denominações, cultura, criança e adolescente, código
penal e violência, saúde, administração e serviço público, esporte, gênero, código de trânsito,
viação e transporte, código eleitoral, organização partidária, referendo e plebiscitos, e trabalho.
É importante ressaltar que a baixa aprovação de projetos ocorre para ambos os sexos. No caso
das mulheres, o principal motivo do arquivamento das proposições é o fim da legislatura.
Assim, quando não há requerimentos por parte dos parlamentares, o projeto é arquivado.
A representação substantiva feminina na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015
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2. O perfil parlamentar feminino nas legislaturas de 2003 a 2015
A presença das mulheres brasileiras no Parlamento é baixa, porém é possível observar
um aumento no número de deputadas eleitas e exercendo seus mandatos ao longo das
legislaturas da década de 1990 até 2019. Segundo os dados do IPU
2
o percentual de mulheres
no Parlamento brasileiro nas décadas de 1990, 2000 e 2010 é o seguinte: na legislatura de 1995
a 1999 (6,6%), 1999 a 2003 (6,8%), 2003 a 2007 (8,6%), 2007 a 2011 (8,6%), 2011 a 2015
(9,9%), 2015 a 2019 (10,7%) e 2019 a 2023 (15%).
Destaca-se o aumento do número de mulheres ocupando cadeiras na Câmara Legislativa
Federal nas legislaturas brasileiras de 2015 2019 e 2019 2023. Na legislatura de 2015
2019, havia 65 parlamentares (51 titulares, nove suplentes e cinco efetivadas), representando
10,4% do total de mulheres. Na legislatura de 2019 2023, havia 77 parlamentares (77 titulares
e uma suplente até 30 de março de 2019), representando 15% do total de mulheres.
Ao analisar as legislaturas consideradas neste estudo (2003 2007, 2007 2011 e 2011
2015), verifica-se um predomínio da presença masculina ocupando as cadeiras na Câmara
Legislativa Federal, com uma média de 90% das vagas preenchidas por homens. Portanto, não
houve um aumento significativo no número de mulheres nesse espaço durante o período
considerado neste estudo.
Dessa forma, por se tratar de um grupo minoritário na Câmara Legislativa Federal
brasileira, esta pesquisa considerou todas as deputadas, incluindo as titulares, suplentes (que
substituem parlamentares licenciados por um determinado período) e efetivadas (deputadas
suplentes efetivadas no cargo parlamentar), independentemente do período em que exerceram
o cargo. Os dados a seguir ilustram essa composição:
2
Inter-Parliamentary Union (IPU). Disponível em: https://www.ipu.org/news/press-releases/2017-03/. Acesso em
14 jul. 2019.
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023006, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1051 7
Tabela 1 Deputadas por condição das legislaturas de 2003-2007, 2007-2011 e 2011-2015
Legislaturas
2003-2007
2007-2011
2011-2015
Agregado das
legislaturas
N
%
N
%
N
%
N
%
42
81
45
87
45
75
132
80
6
12
4
8
11
18
21
13
4
8
3
6
4
7
11
7
52
100
52
100
60
100
164
100
Fonte: Elaborada pela autora com dados do portal do Congresso Nacional
A tabela 01 indica um total de 164 deputadas na Câmara Federal Legislativa presentes
nas legislaturas de 2003 a 2015. Em relação às deputadas titulares, verifica-se um equilíbrio no
número de parlamentares nessa condição nas legislaturas de 2003-2007 e 2007 e 2011. A
legislatura de 2011 a 2015 apresentou um número menor de deputadas titulares em relação às
legislaturas anteriores. No entanto, essa legislatura apresenta o maior número total de
parlamentares, quando considerada a soma das deputadas titulares, suplentes e efetivadas, em
relação às demais. Isso se deve ao aumento da presença de suplentes e efetivadas que assumiram
mandatos durante esse período. Em termo de percentual, a primeira legislatura apresentou 20%
de deputadas suplentes e efetivadas, a segunda 14% e a terceira destaca-se com 25% de
deputadas nessas condições.
3. Os projetos de lei com autoria feminina sobre pautas feministas e para mulheres nas
legislaturas de 2003 a 2015
Neste estudo, analisamos de forma específica as proposições com pautas feministas, ou
seja, temas provenientes de movimentos e grupos de mulheres que buscam a igualdade de
gênero em todas as áreas da sociedade, bem como pautas destinadas às mulheres em geral,
abordando assuntos como prevenção de doenças e direitos trabalhistas, entre outros. Essa
classificação considera o debate bibliográfico sobre gênero e representação substantiva, ambos
abordados nesta pesquisa.
Para identificar os temas relacionados às pautas feministas e para mulheres, analisamos
as ementas dos projetos que tratam das questões femininas. Entre as pautas para mulheres,
destacam-se temas relacionados à saúde (como transtorno pré-menstrual TPM,
acompanhamento durante a gestação e pós-parto, climatério, prevenção e tratamento do câncer
de mama e útero, vacinação contra rubéola e HPV), estética (cirurgias plásticas), trabalho
A representação substantiva feminina na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015
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(previdência para donas de casa e regulamentação de profissões com forte presença feminina)
e questões civis (divórcio, reconhecimento de paternidade e assuntos relacionados à
maternidade e à saúde do bebê).
Quanto aos temas feministas, consideramos aqueles que envolvem a agenda dos
movimentos feministas e que reivindicam a igualdade de direitos entre homens e mulheres, ou
seja, questões que, quando não abordadas, podem gerar desigualdade de gênero. Alguns
exemplos desses temas são: o corpo feminino, que tratam do aborto terapêutico (quando o feto
apresenta alguma anomalia, incluindo o feto anencefálico) e o aborto em casos de estupro; o
direito à esterilização da mulher e a livre escolha de métodos contraceptivos, como a pílula do
dia seguinte; saúde, abordando os direitos das mulheres com HIV; políticas públicas na área da
assistência social relacionadas ao benefício do Bolsa Família para mulheres chefes de família e
em casos de mulheres que sofreram violência sexual; direitos previdenciários das empregadas
domésticas; discriminação de gênero; trabalho, abordando a igualdade de direitos trabalhistas
entre ambos os sexos, a estabilidade provisória da empregada gestante e o assédio sexual no
ambiente de trabalho; violências, tratando das vítimas de violência sexual e doméstica;
homenagens a mulheres defensoras de causas feministas; questões de homofobia e
relacionamentos homoafetivos; direitos das mulheres presidiárias; orientação sexual para
mulheres adolescentes; incentivo à participação política feminina e combate ao uso público
abusivo e discriminatório da imagem da mulher.
A tabela a seguir mostra o número de projetos propostos pelas deputadas, considerando
a seguinte classificação: pautas feministas, pautas para mulheres e outras pautas. Conforme os
dados abaixo:
Tabela 2 Projetos propostos pelas deputadas agregados das legislaturas de 2003-2007,
2007-2011 e 2011-2015 por pautas
Pautas dos projetos propostos
N de projetos
propostos
%
Outras pautas
2093
88
Pautas feministas
232
10
Pautas para mulheres
42
2
Total
2367
100
Fonte: Elaborada pela autora com dados do portal do Congresso Nacional
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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A Tabela 2 apresenta que as deputadas propuseram 232 projetos com pautas feministas
e 42 projetos com pautas para as mulheres. Portanto, apenas 12% das proposições abordam
interesses femininos. Esses dados revelam um baixo percentual de projetos propostos pelas
deputadas relacionados às temáticas das mulheres, em comparação com o percentual de projetos
sobre outras pautas.
Nesse contexto, estudos internacionais (CAUL, 1999; CELIS et al., 2008;
FRANCESCHET, 2008; PRINCE, 2007) e nacionais (CASTRO, 2007; KARLINSKI, 2012;
MOTTA, 2016; PAIVA; HENRIQUE; SILVA; 2013; PINHEIRO, 2006; POST, 2015)
destacam a importância da representação substantiva feminina na política, além de mencionar
a representação descritiva, por pressuporem que quanto maior o número de mulheres exercendo
cargos eletivos, maior será a inclusão de pautas voltadas para elas.
A sub-representação das mulheres no Parlamento pode dificultar o aumento de
propostas sobre temas relacionados ao universo feminino. É importante fortalecer a
representação substantiva por meio do aumento do número de deputadas, a fim de intensificar
o debate sobre pautas feministas e para mulheres. Além disso, é fundamental ampliar a
compreensão do conteúdo das proposições que tratam das questões das mulheres, uma vez que
os temas desses projetos dialogam com diversos setores da sociedade onde as mulheres buscam
superar a desigualdade de gênero. No entanto, não há problema se um homem apresentar maior
envolvimento com temas femininos do que uma mulher, pois ambos os sexos devem atuar de
maneira igualitária em relação às diversas temáticas propostas pelos parlamentares.
Entretanto, as mulheres ainda são minoria no legislativo, o que ressalta que o aumento
do número de deputadas poderia favorecer uma maior aceitação de pautas feministas e para
mulheres, resultando em pareceres favoráveis nas comissões e/ou no plenário, ampliando o
interesse em sua aprovação e beneficiando a política de gênero. Mesmo nos casos em que a
deputada não tenha um interesse direto nessas pautas, ela pode atuar na defesa desses temas e
contribuir para o fortalecimento das políticas voltadas para as mulheres no Congresso.
Diante disso, as tabelas seguintes apresentam dados sobre a relação entre os projetos de
pautas feministas e pautas para mulheres, considerando a área temática, o tipo de autoria, a
situação da proposição (arquivada, em tramitação e aprovada), o motivo do arquivamento e os
partidos das deputadas. Esses dados contribuem para a compreensão da natureza das matérias
que tratam sobre assuntos relacionados às mulheres.
A tabela a seguir apresenta a relação entre a área temática e os projetos que abordam
pautas feministas e para as mulheres. Embora essas pautas tenham, em geral, o objetivo de
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tratar de questões relacionadas às mulheres, é possível observar a interação dessas proposições
com diversas áreas temáticas, como educação, mundo do trabalho, saúde, violência, entre
outras. Através dessa análise, podemos identificar o conteúdo desses projetos para além da
questão de gênero, ou seja, como essas pautas podem impactar vários setores da sociedade e
mobilizar os interesses de grupos de mulheres e movimentos feministas, que buscam a
igualdade de gênero e a representação de suas demandas. Veja a tabela abaixo:
Tabela 3 Projetos propostos pelas deputadas agregados das legislaturas de 2003-2007,
2007-2011 e 2011-2015 por área temática e pautas feministas e para mulheres
Área temática dos projetos propostos
Pautas feminista
Pautas para
mulheres
N
%
N
%
Administração e serviço público
3
1
-
-
Assistência Social
6
3
-
-
Código Civil
-
-
3
7
Código de Trânsito, viação e transporte
-
-
1
2
Código eleitoral, org. partidária, referendos e plebiscitos
16
7
-
-
Código Penal e Violências
35
15
1
2
Consumidor
-
-
1
2
Criança e adolescente
5
2
1
2
Direitos humanos
2
1
-
-
Economia, Finanças e Tributação
3
1
-
-
Educação
3
1
-
-
Esporte
1
0
3
7
Gênero
58
25
4
10
Outros
15
6
-
-
Questões Raciais e Étnicas
2
1
-
-
Questões rurais e de terras
2
1
-
-
Saúde
22
9
20
48
Segurança Pública
-
-
1
2
Trabalho
59
25
7
17
Total
232
100
42
100
Fonte: Elaborada pela autora com dados do portal do Congresso Nacional
Na Tabela 3, observa-se que os projetos com pautas feministas correspondem a 15%
das proposições relacionadas ao código penal e violências, 25% são sobre gênero, 9% abordam
saúde e 25% tratam de trabalho. Esses temas somam um total de 74% das proposições que
tratam dessas pautas. Em relação aos projetos que têm como foco principal o tema feminino,
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10% são dedicados ao tema, 48% à saúde e 17% ao tema do trabalho. Esses temas somam um
total de 75% das proposições relacionadas a essas pautas.
Esses dados revelam que tanto as pautas feministas quanto as pautas para as mulheres
abordam temas relacionados ao trabalho, gênero, saúde, código penal e violências. Essas
temáticas refletem a realidade das mulheres brasileiras, ou seja, mulheres que buscam reduzir
a desigualdade de gênero no mundo do trabalho, ter acesso digno à saúde, especialmente em
questões como o aborto e a saúde preventiva da mulher, além de reduzir o número de
feminicídios no país. É importante ressaltar o percentual de proposições relacionadas às pautas
feministas, o qual evidencia a importância dos diversos movimentos e associações de mulheres
que têm como objetivo dar voz às demandas femininas na política.
Em relação aos assuntos abordados nas áreas temáticas mencionadas anteriormente, os
projetos com pautas feministas tratam do direito previdenciário do trabalhador doméstico,
assédio sexual contra mulheres no ambiente de trabalho, combate à discriminação de gênero no
ambiente profissional, igualdade salarial entre homens e mulheres, oferta de berçário ou creche
pelo empregador para filhos menores de cinco anos, esterilização voluntária de homens e
mulheres, políticas públicas para mulheres, aborto, uso da imagem feminina, discriminação ou
preconceito de gênero e questões homoafetivas e homofóbicas.
Além disso, abordam violências praticadas contra mulheres, com destaque para a
violência doméstica, e questões relacionadas à saúde, como assistência médica para mulheres
presidiárias, direitos das gestantes, pós-parto e período puerperal, distribuição de preservativos
femininos, orientação sexual, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e uso de
drogas, e direitos das mulheres portadoras de HIV. Já os projetos com pautas para as mulheres
tratam de temas relacionados à saúde da mulher, abordando a prevenção e tratamento do câncer
de mama e útero, bem como vacinação específica para o sexo feminino.
Na Tabela 20, é possível observar as áreas temáticas que abordam apenas uma das
pautas em questão. No caso das pautas feministas, destacam-se os seguintes temas:
administração e serviço público, assistência social, código eleitoral, organização partidária,
referendos e plebiscitos, direitos humanos, economia, finanças e tributação, educação, outros
(datas comemorativas, homenagens e denominações), questões raciais e étnicas, questões rurais
e de terras. Em relação às pautas para as mulheres, ressaltam-se os seguintes temas: código
civil, código de trânsito, viação e transporte, consumidor e segurança pública.
Dessa forma, as deputadas que propõem projetos com temas relacionados às pautas
feministas e para as mulheres contribuem para a redução da desigualdade de gênero no trabalho,
A representação substantiva feminina na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015
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para a defesa das mulheres contra violências e para a garantia de direitos maternos. O
envolvimento das parlamentares com esses temas permite ampliar o debate dos grupos e
movimentos de mulheres no Parlamento, proporcionando à mulher um espaço mais consolidado
e menos desigual na sociedade.
A tabela a seguir apresenta a relação entre os projetos com pautas feministas e para as
mulheres e o tipo de autoria, ou seja, se as proposições que tratam desses assuntos foram
propostas por uma autora principal, autora com coautoria ou coautora.
Tabela 4 Projetos propostos pelas deputadas agregados das legislaturas de 2003-2007,
2007-2011 e 2011-2015 por pautas feministas e para mulheres e tipo de autoria
Tipo de autoria
Pautas feminista
Pautas para mulheres
N
%
N
%
Autora principal
197
85
39
93
Autora com coautoria
25
11
3
7
Coautora
10
4
-
-
Total
232
100
42
100
Fonte: Elaborada pela autora com dados do portal do Congresso Nacional
A Tabela 4 revela que 85% dos projetos propostos com pautas feministas são de autoria
única, enquanto 93% dos projetos propostos com pauta para as mulheres também são de autoria
única. Esse percentual diminui quando se trata de projetos que abordam pautas com autoria em
coautoria, representando 11% dos projetos com pautas feministas e 3% dos projetos com pautas
para as mulheres. Além disso, o percentual é ainda menor nos casos de projetos co-assinados
pelas deputadas, com 4% das proposições com pautas feministas e 0% das proposições com
pautas para as mulheres.
Nesse contexto, os dados apresentados na tabela acima indicam que, apesar do baixo
percentual de projetos propostos pelas deputadas sobre os interesses femininos, elas se
destacam como pioneiras nesse tema, que a maioria dessas proposições é apresentada por
autoria única. Esses dados refletem o estudo de Young (2006), que defende o avanço de grupos
minoritários na política. No caso das mulheres, o aumento de representantes no espaço político
possibilita uma abertura para o debate de temas relacionados às mulheres, facilitando a
proposição e defesa dessas pautas pelo sexo feminino. Dessa forma, a participação das mulheres
na política contribui para o aumento de representantes do sexo feminino no espaço político e
fortalece a representação substantiva de grupos minoritários.
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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Os dados a seguir indicam a situação dos projetos de lei com pautas feministas e para
as mulheres, ou seja, se estão arquivados, em tramitação ou transformados em normas jurídicas.
Tabela 5 Projetos propostos pelas deputadas agregados das legislaturas de 2003-2007,
2007-2011 e 2011-2015 por pautas feministas e para mulheres e situação dos projetos
Situação dos projetos
Pautas feminista
Pautas para mulheres
N
%
N
%
Arquivado
117
50
19
45
Em tramitação
101
44
20
48
Transformado em norma jurídica
14
6
3
7
Total
232
100
42
100
Fonte: Elaborada pela autora com dados do portal do Congresso Nacional
A Tabela 5 revela que 50% dos projetos com pautas feministas foram arquivados,
enquanto 44% estão em tramitação e 6% foram transformados em norma jurídica. Em relação
aos projetos com pautas para as mulheres, 45% foram arquivados, 48% estão em tramitação e
7% foram transformados em norma jurídica. A situação dos projetos de ambas as pautas é
semelhante, pois cerca de 50% dos projetos são arquivados, o que também ocorre com os
projetos relacionados às demais pautas abordadas neste estudo.
A tabela a seguir apresenta a relação entre a área temática dos projetos aprovados que
tratam de pautas feministas e pautas para as mulheres.
Tabela 6 Projetos propostos e aprovados pelas deputadas agregados das legislaturas de
2003-2007, 2007-2011 e 2011-2015 por área temática e pautas feministas e para mulheres
Área temática dos projetos aprovados
Pautas feministas
Pautas para mulheres
N
%
N
%
Código Penal e violências
3
21
-
-
Esporte
-
-
1
33
Gênero
3
21
-
-
Outros (datas comemorativas, homenagens,
denominações)
7
50
-
-
Trabalho
1
7
-
-
Saúde
-
-
2
67
Total
14
100
3
100
Fonte: Elaborada pela autora com dados do portal do Congresso Nacional
A representação substantiva feminina na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015
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A tabela 6 indica que as pautas feministas apresentam 50% das proposições aprovadas
sobre o tema outros (datas comemorativas, homenagens, denominações), 21% sobre código
penal e violências, 21% sobre gênero e 7% sobre trabalho, quanto às pautas para as mulheres
67% das proposições aprovadas abordam o tema saúde e 33% sobre esporte.
Em relação ao conteúdo e autoria dos projetos transformados em norma jurídica, na
legislatura de 2003 a 2007 foram aprovados 7 projetos. A deputada Iara Bernardi PT/SP foi
autora de 2 proposições sobre violência sexual e doméstica contra a mulher, Iriny Lopes
PT/ES foi autora da proposição sobre violência contra a mulher, Laura Carneiro PFL/RJ foi
autora da proposição que declara Patronesse do Feminismo Nacional a escritora Rose Marie
Muraro, Luiza Erundina PSB/SP foi autora da proposição sobre a mulher gestante, e Rose
Freitas PMDB/ES foi autora das proposições que denominam o Dia Nacional dos Direitos
Humanos e dispõem sobre a instituição do Dia Nacional da Parteira Tradicional. Na legislatura
de 2007 a 2011, foi aprovada uma proposição da deputada Alice Portugal PCdoB/BA, autora
da proposição sobre trabalho (que proíbe a revista íntima de mulheres no ambiente
profissional). E na legislatura de 2011 a 2015, foram aprovados 6 projetos. A deputada Ana
Arraes PSB/PE foi autora da proposição que homenageia Bárbara Pereira de Alencar, Luiza
Erundina PSB/SP foi autora da proposição sobre violência na internet (ementa à Lei Carolina
Dickmann), Manuela D'Avila PCdoB/RS foi coautora da proposição sobre violência na
internet (ementa à Lei Carolina Dickmann), Mara Gabrilli PSDB/SP foi coautora da
proposição sobre o esporte (pensão especial para a atleta Laís Souza), e Sandra Rosada PSB/SP
foi autora das proposições que homenageiam Clara Felipa Camarão e Jovita Alves Feitosa.
Em relação aos 66 projetos sobre o tema trabalho, apenas um projeto foi aprovado. Isso
mostra que, apesar das representantes femininas estarem mais atuantes nessa área, os projetos
não são aprovados na mesma proporção em que são propostos. Verifica-se que as pautas
relacionadas à violência contra a mulher ganham mais destaque nesse espaço do que aquelas
relacionadas às mulheres no mundo profissional. No entanto, as deputadas estão abrindo espaço
para esse tema, representando um avanço importante para as mulheres
Os temas que abordam pautas feministas e para mulheres são considerados secundários
no debate parlamentar, pois um maior interesse dos parlamentares e suas bancadas em propor
temáticas nas áreas do trabalho e economia. Por isso, mesmo que parlamentares do sexo
masculino proponham projetos com esses temas, quando assumem cargos de relator na
comissão, por exemplo, talvez não tenham a mesma percepção sobre a matéria que uma mulher
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teria. Isso pode levar ao veto precoce do projeto no processo legislativo e inibir a política de
gênero.
De acordo com Franceschet (2008), as parlamentares buscam inserir questões de gênero
nas políticas partidárias, se aproximar de órgãos públicos que tratam do tema e participar de
grupos e organizações de mulheres. Nesse caso, é importante compreender qual a demanda que
as deputadas recebem em relação a gênero, o que os movimentos e grupos de mulheres estão
reivindicando e qual o interesse desses temas para as deputadas.
Conforme Urbinati (2006a, 2006b), é fundamental compreender as conexões entre o
Estado e a sociedade, como essas esferas se comunicam e como seus interesses fluem na
política. Apesar do baixo percentual de projetos que tratam da temática de gênero, as
parlamentares desempenham um papel substancial ao atuarem ativamente no processo
legislativo, abordando temas que eram anteriormente vistos como exclusivamente masculinos,
como economia, finanças e tributação. A tabela seguinte apresenta a relação entre o motivo do
arquivamento e as pautas feministas e para mulheres dos projetos, de acordo com os dados
apresentados abaixo:
Tabela 7 Projetos propostos pelas deputadas arquivados agregados das legislaturas de 2003-
2007, 2007-2011 e 2011-2015 por pautas feministas e para mulheres e motivo do
arquivamento
Motivo de arquivamento do projeto
Pautas
feministas
Pautas para mulheres
N
%
n
%
Solicitado pelo autor do projeto
9
8
-
-
Fluído prazo de recurso ao projeto
5
4
-
-
Ausência de reapresentação do projeto pelo autor
3
3
1
5
Projeto rejeitado na comissão
11
9
5
26
Projeto vetado na comissão ou em plenária
-
-
-
-
Projeto arquivado pelo fim da legislatura
67
57
9
47
Inconstitucionalidade e/ou injuridicidade; inadequação
financeira e orçamentária do projeto
1
1
-
-
Projeto prejudicado
21
18
4
21
Total
117
100
19
100
Fonte: Elaborada pela autora com dados do portal do Congresso Nacional
A representação substantiva feminina na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015
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A tabela 7 indica que, em relação aos projetos com pautas feministas, 57% deles foram
arquivados devido ao término da legislatura. Nesses casos, não houve interesse por parte da
autora do projeto e dos demais parlamentares em solicitar o desarquivamento da proposição.
Além disso, 18% dos projetos foram considerados prejudicados pela comissão. No que diz
respeito aos projetos com pautas para mulheres, 47% foram arquivados devido ao fim da
legislatura, 26% foram rejeitados pela comissão devido à discordância dos membros em relação
ao conteúdo da matéria, e 21% foram considerados prejudicados pela comissão.
Outro dado relevante é que tanto as pautas feministas quanto as pautas para mulheres
não apresentaram projetos arquivados devido a vetos em comissões ou em plenário. Esse fato
é importante, considerando a desigualdade de gênero em nosso país e o ambiente
majoritariamente masculino na Câmara Legislativa Federal. Em geral, as proposições que
abordam temas relacionados às mulheres estão fluindo naturalmente pelo trâmite legislativo
nas legislaturas abordadas neste estudo.
Analisando os dados dos projetos com pautas feministas e para mulheres, observa-se
que todas essas proposições foram encaminhadas para as comissões responsáveis pelos
respectivos temas. Quando um projeto é considerado prejudicado ou rejeitado, resultando em
seu arquivamento, podemos concluir que são nas comissões que esses projetos se encontram
estagnados, de acordo com Diniz (1999, p. 62).
O sistema de comissões parece ser a unidade ótima de formação das decisões,
porque permite reduzir os riscos externos, sem aumento ou com aumento
mínimo, dos custos decisórios em comparação aos custos das assembleias.
Produz resultado de soma positiva para a coletividade em geral e permite que
minorias substantivas (étnicas, religiosas, etc.) encontrem nos comitês uma
maior probabilidade de obter aprovação das suas preferências.
A tabela a seguir mostra a relação entre os partidos das deputadas e os seus projetos com
pautas feministas e para mulheres.
Tabela 8 Projetos propostos pelas deputadas agregados das legislaturas de 2003-2007,
2007-2011 e 2011-2015 por pautas feministas e para mulheres e partidos
Partido
Projetos com pautas feministas
Projetos com pautas para
mulheres
N
%
N
%
DEM
1
-
-
-
PCdoB
31
13
6
14
PDT
10
4
1
2
PFL
26
11
2
5
PL
2
1
1
2
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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PMDB
32
14
6
14
PMN
1
-
1
2
PP
9
4
1
2
PPS
5
2
4
10
PR
7
3
1
2
PSB
20
9
4
10
PSC
2
1
-
-
PSDB
10
4
4
10
PSOL
2
1
-
-
PT
68
29
11
26
PTdoB
2
1
-
-
PV
3
1
-
-
Sem Partido
1
-
-
-
Total
232
100
42
100
Fonte: Elaborada pela autora com dados do portal do Congresso Nacional
A Tabela 8 mostra que em relação ao percentual de projetos que tratam de pautas
feministas, as deputadas do PT propuseram 29% das proposições, seguidas pelo PMDB com
14%, PCdoB com 13%, PFL com 11% e PSB com 9%. Quanto às pautas para as mulheres, as
deputadas do PT propuseram 26% das proposições, seguidas pelo PCdoB e PMDB com 14%,
PPS e PSB com 10%, e PSDB com 10%. Esses dados revelam que as deputadas dos partidos
PCdoB, PPS, PMDB e PT se destacam no percentual de projetos para ambas as pautas,
enquanto as parlamentares do PPS e PSDB se destacam apenas nas pautas para as mulheres. O
fato de as representantes atuarem em ambas as pautas ou em apenas uma delas pode estar
relacionado, entre outros fatores, à influência partidária em abordar temas que promovam os
interesses das minorias, como é o caso das mulheres.
De acordo com Figueiredo e Limongi (1999), a transferência de atribuições legislativas
ao Poder Executivo e aos líderes partidários contribui para a centralização do processo
decisório, devido à prática recorrente de formação de amplas coalizões governamentais. Essa
estrutura, segundo os autores, permite ao Executivo estabelecer o ritmo e o conteúdo da agenda
legislativa. Como resultado, os legisladores ficam limitados em legislar em áreas políticas
substantivas e não conseguem atender aos interesses de seus eleitorados.
Figueiredo e Limongi (1999) também abordam a influência partidária no Parlamento,
argumentando que o princípio adotado para a distribuição de direitos parlamentares é partidário,
ou seja, os cargos o distribuídos pelos partidos segundo a força de suas bancadas. A
presidência da mesa é ocupada pelo partido majoritário. Além disso, a composição das
comissões técnicas segue o princípio da proporcionalidade partidária, e a distribuição dos
parlamentares nas comissões é feita pelos líderes dos partidos. Os regimentos internos
A representação substantiva feminina na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015
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reconhecem a existência do colégio dos líderes, que desempenha um papel importante na
determinação da pauta dos trabalhos. Nesse contexto, apesar de o Executivo não contar com
total apoio de suas bases partidárias, não encontra um obstáculo intransponível no Congresso
para a implementação de sua agenda.
Ao priorizarmos as mulheres nesta análise, estamos alterando a forma de examinar a
produção legislativa e suas consequências. Dessa maneira, alguns dados apresentados, apesar
de básicos, são elementos importantes para mapear a atividade legislativa feminina e contribuir
para a literatura que trata da representação efetiva das mulheres na política.
Nessa situação, as deputadas exercem sua função parlamentar em igual medida aos seus
colegas do sexo masculino. Esse dado é comprovado ao analisar o tipo de autoria de um projeto,
sendo que mais de 50% das proposições são apresentadas como autoria principal. Também se
observa que a maioria das deputadas acompanha suas proposições e intervém quando
necessário por meio de requerimentos, visando em avançar suas matérias no processo
legislativo.
Os temas relacionados ao gênero não são prioritários em suas agendas. Quanto à
transformação de uma proposição em norma jurídica, trata-se de um processo complexo, pois
muitas matérias propõem emendas a leis existentes ou apresentam novas leis, implicando em
alterações na Constituição que afetam diversos setores da sociedade e do Estado.
Para estudiosos da área de legislação, que tratam da qualidade da norma jurídica, a
demora na tramitação das proposições também depende do conteúdo da matéria, especialmente
quando envolvem alterações na Constituição Federal. No caso das proposições de menor
abrangência, a demora não se justifica, pois desvia o foco da proposição. No entanto, é
necessário garantir a participação de diferentes segmentos da sociedade, como as minorias
parlamentares, o que pode resultar em um prolongamento necessário no processo de tramitação.
No que diz respeito à representação efetiva das mulheres, observa-se que o aumento do
número de deputadas pode contribuir para o debate de temas relacionados ao gênero e às
minorias, uma vez que os interesses dos grupos majoritários prevalecem no espaço político. A
Lei número 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, de 7 de agosto de 2006, originou-se
de um projeto proposto em 2004 que tratava da questão da violência doméstica e propunha a
criação de mecanismos para combater a violência doméstica e familiar contra as mulheres. Essa
lei ficou conhecida mundialmente, por levar o nome de uma mulher brasileira que sofreu
violência doméstica e, como resultado desse ataque, ficou paralisada. Essa mulher passou a
lutar contra esse tipo de violência e buscar meios para tornar a lei mais efetiva nesses casos.
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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Esse projeto foi transformado em norma jurídica e atualmente representa um importante vínculo
entre a esfera pública e a sociedade. Apesar do projeto não ter sido proposto por uma mulher,
mas sim por iniciativa do Poder Executivo durante o governo do Presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, é importante observar que a relatora da proposição foi a deputada Jandira
Feghali/PCdoB.
Mesmo com o número reduzido de proposições com pautas relacionadas ao gênero, para
os grupos feministas e de mulheres, é importante que as deputadas eleitas atuem em áreas
predominantemente ocupadas por parlamentares do sexo masculino, uma vez que as demandas
desses grupos visam alcançar a igualdade de gênero no mundo do trabalho e nas questões
financeiras. Portanto, mesmo que os projetos mencionados não beneficiem diretamente os
grupos sub-representados, a presença feminina no debate pode ser considerada um avanço
para as mulheres.
4. Considerações finais
No caso brasileiro, existe uma significativa sub-representação feminina no parlamento.
Por outro lado, as mulheres tendem a participar de movimentos e grupos sociais, bem como se
envolver em atividades partidárias. No entanto, o acesso à política ainda é limitado por questões
culturais, familiares, desigualdades de gêneros e outros fatores que dificultam o aumento da
presença feminina em cargos eletivos.
As deputadas eleitas enfrentam dificuldades para ocupar posições de liderança tanto nos
partidos políticos quanto no Parlamento, havendo poucas mulheres na mesa diretora ou nas
comissões permanentes. Isso nos leva a questionar se a mulher precisa realizar algo especial
para entrar nesse espaço político. Essa exigência não se aplica da mesma forma aos homens.
Nesse contexto, o processo representativo, baseado em uma representação substantiva
que estimule a presença de novos interesses e opiniões, requer um maior engajamento político,
que pode ser promovido através da participação em movimentos sociais e associações. De
acordo com as pesquisas abordadas neste estudo, os interesses das mulheres são diversos e
abrangem várias áreas, como violência, saúde, educação, entre outras. Portanto, os movimentos
sociais e outros grupos são formas de aproximar as mulheres da política.
Nesse sentido, o objetivo não é determinar se as mulheres promovem exclusivamente
questões femininas, pois elas podem não compartilhar dos mesmos interesses, mas sim analisar
se a atividade parlamentar das deputadas tem impacto nas questões de gênero ou se o tema
A representação substantiva feminina na câmara legislativa brasileira, no período de 2003 a 2015
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interfere em seu comportamento político. No caso das deputadas brasileiras, os estudos
mostram que essas parlamentares podem ter interesses diferentes do eleitorado feminino e
incluir outras preocupações em suas agendas.
A política afirmativa de cotas levanta uma discussão teórica sobre a relação entre
representação descritiva e representação substantiva, ou seja, em que medida um aumento no
número de mulheres no parlamento contribui para a representação dos interesses femininos
nesse espaço. No Brasil, observa-se um crescimento no número de candidaturas femininas,
porém, nas legislaturas abordadas neste estudo, há apenas um discreto aumento no número de
mulheres no Parlamento em comparação com as legislaturas anteriores.
As deputadas têm dado prioridade às áreas de economia, finanças, tributação e trabalho,
o que torna interessante investigar as demandas dos grupos e movimentos de mulheres, ou seja,
quais são as suas reivindicações e se essas questões estão sendo abordadas pelas deputadas.
Neste estudo, realizamos um mapeamento do que foi produzido, mas estudos futuros podem
explorar a conexão entre Estado e sociedade, verificando se as pautas de determinados
movimentos feministas e grupos de mulheres estão sendo incorporadas às agendas
parlamentares das deputadas e identificar qual é a aceitação no Legislativo.
Os obstáculos que dificultam a representação substantiva das mulheres estão
relacionados à presença dessas mulheres no Parlamento, pois a sub-representação desse grupo
afeta a produção legislativa e a defesa dos direitos das mulheres. Essas discrepâncias são
evidenciadas pelo baixo percentual de cadeiras ocupadas por mulheres nas bancadas dos
estados brasileiros e nos partidos das parlamentares. Mesmo nos estados e partidos com maior
representação feminina, as mulheres ainda são minoria em relação aos homens.
Portanto, um longo caminho a percorrer para superar a sub-representação feminina
na política. Além das mulheres, outros grupos minoritários que buscam uma representação
substantiva. Assim, esta pesquisa contribui para desmistificar os estereótipos de que as
mulheres atuam apenas em áreas relacionadas à maternidade e aos cuidados, e que não estão
preparadas para o ambiente político. Elas estão desempenhando um papel substantivo em seu
trabalho parlamentar e buscando se envolver com a dinâmica do Parlamento. Por isso, é
importante fortalecer as políticas de incentivo à participação feminina na política, pois o
aumento no número de mulheres tem impacto tanto na quantidade de projetos quanto em suas
repercussões no processo legislativo.
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Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1051 23
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: O artigo é inspirado na minha tese de doutorado, por isso, agradeço à
UFSCar, instituição onde realizei o doutorado em Ciência Política.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: O material analisado está disponível nas referências
bibliográficas.
Contribuições dos autores: Ana Paula Cavalcante Limão da Silva é responsável pela
pesquisa, análises e redação do artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023006, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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FEMALE SUBSTANTIAL REPRESENTATION IN THE BRAZILIAN
LEGISLATIVE CHAMBER, FROM 2003 TO 2015
A REPRESENTAÇÃO SUBSTANTIVA FEMININA NA CÂMARA LEGISLATIVA
BRASILEIRA, NO PERÍODO DE 2003 A 2015
REPRESENTACIÓN SUSTANCIAL FEMENINA EN LA CÁMARA LEGISLATIVA DE
BRASIL, DE 2003 A 2015
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA1
e-mail: paulacavalcante7@hotmail.com
How to reference this paper:
LIMÃO DA SILVA, A. P. C. Female substantial representation in
the Brazilian legislative chamber, from 2003 to 2015. Teoria &
Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1,
e023006, 2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1051
| Submitted: 10/01/2023
| Revisions required: 22/02/2023
| Approved: 17/04/2023
| Published: 30/06/2023
Editor:
Prof. Dr. Simone Diniz
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Cesumar University (UNICESUMAR), Maringá PR Brazil. Professor for higher education courses.
Researcher at the Laboratory of Elections, Parties, and Comparative Politics Lappcom / IFCS/UFRJ and
PPGCS/UFRRJ. Doctoral degree in Political Science (UFSCar).
Female substantial representation in the Brazilian legislative chamber, from 2003 to 2015
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ABSTRACT: This article aims to present a mapping of the parliamentary profile of female
deputies who assumed mandates in the legislatures of 2003-2007, 2007-2011, and 2011-2015,
through the analysis of their legislative production, emphasizing the proposition of bills related
to women's issues. The objective is to verify to what extent female parliamentary activity results
in substantive representation in the Brazilian Federal Legislative Chamber. This research is
based on a theoretical debate about the main conceptions of political representation, especially
substantive representation, and its ramifications in the political space. Therefore, substantive
representation is considered based on the representative's activity, that is, the content of their
political actions and their correspondence with the interests of the electorate. The data for this
study were collected from the Chamber of Deputies' website, identifying the place of birth and
party affiliation of the female deputies, the number of bills proposed by each parliamentarian,
the type of authorship of the proposition, and the status of the matter in the legislative process.
In the case of archived propositions, information about the reasons for archiving was also
collected. The content of each proposed bill was analyzed, and based on the committees that
discussed the matter, a classification of 27 topics addressed by the female deputies in their bills
was established. This article highlights that female parliamentarians propose several bills
proportional to their male colleagues. Over 50% of the propositions are authored solely by the
female deputies, and in terms of the topics addressed, they are related to both "care" areas and
areas considered "masculine," such as labor, economy, finance and taxation, administration,
and public service. Regarding feminist and women-related topics, these proposals represent
only 12% of the total, addressing issues such as work, women's health, and violence against
women. In summary, female underrepresentation in politics is a barrier to be overcome, but
there have been significant advances in the parliamentary activity of elected women. They are
debating topics considered masculine and acting autonomously in Parliament. Thus, this
research highlights the importance of minority groups in elected positions. In the case of female
deputies, the increase in their political representation strengthens substantive female
representation and can contribute to gender issues becoming more visible on the agendas of
parliamentarians of both sexes.
KEYWORDS: Brazilian federal deputies. Substantive representation. Female parliamentary
behavior.
RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar um mapeamento do perfil parlamentar
das deputadas que assumiram mandatos nas legislaturas de 2003-2007, 2007-2011 e 2011-
2015, por meio da análise da produção legislativa dessas mulheres, com ênfase na proposição
de projetos de lei relacionados a temas sobre as mulheres. O objetivo é verificar até que ponto
a atuação parlamentar feminina resulta em uma representação substantiva na Câmara
Legislativa Federal brasileira. Esta pesquisa baseia-se em um debate teórico sobre as
principais concepções da representação política, especialmente a representação substantiva e
suas ramificações no espaço político. Portanto, considera-se a representação substantiva a
partir da atividade do representante, ou seja, do conteúdo das ações políticas desse líder e sua
correspondência com os interesses do eleitorado. Os dados deste estudo foram coletados no
Portal da Câmara dos Deputados, identificando a naturalidade e a filiação partidária das
deputadas, o número de projetos de lei propostos por cada parlamentar, o tipo de autoria da
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proposição e a situação da matéria no processo legislativo. No caso das proposições
arquivadas, foram coletadas informações sobre os motivos desse arquivamento. Também foi
analisado o conteúdo de cada projeto proposto, e com base nas comissões que debateram a
matéria, definiu-se uma classificação de 27 temas abordados pelas deputadas em seus projetos.
Este artigo destaca que as parlamentares propõem um número de projetos proporcional ao de
seus colegas homens. Mais de 50% das proposições são de autoria única e, em relação aos
temas abordados, eles estão relacionados tanto a áreas de “cuidado quanto a áreas
consideradas “masculinas”, como trabalho, economia, finanças e tributação, administração e
serviço público. No que diz respeito a temas feministas e para mulheres, essas propostas
representam apenas 12% do total, abordando assuntos como trabalho, saúde da mulher e
violência contra as mulheres. Em resumo, a sub-representação feminina na política é uma
barreira a ser superada, mas há avanços significativos na atuação parlamentar das mulheres
eleitas. Elas estão debatendo temas considerados masculinos e atuando de forma autônoma no
Parlamento. Assim, esta pesquisa ressalta a importância da presença de grupos minoritários
em cargos eletivos. No caso das deputadas, o aumento de sua representação política fortalece
a representação substantiva feminina e pode contribuir para que as questões de gênero sejam
mais visíveis nas agendas dos parlamentares de ambos os sexos.
PALAVRAS-CHAVE: Deputadas federais brasileiras. Representação substantiva.
Comportamento parlamentar feminino.
RESUMEN: Este artículo se propone presentar un mapeo del perfil parlamentario de las
diputadas que asumieron mandatos en las legislaturas 2003-2007, 2007-2011 y 2011-2015, a
través del análisis de la producción legislativa de estas mujeres, con énfasis en la propuesta
de proyectos de ley que traten temas sobre la mujer, con el fin de verificar en qué medida la
actuación parlamentaria femenina resulta en una representación sustantiva en la Cámara
Legislativa Federal brasileña. Esta investigación parte de un debate teórico sobre las
principales concepciones de representación política, con énfasis en la representación
sustantiva y sus consecuencias en el espacio político. Así, la representación sustantiva se
considera desde la actividad del representante, es decir, desde el contenido de la acción
política de ese der y cuál es su correspondencia con los intereses del electorado. Los datos
para este trabajo fueron recolectados en el Portal de la Cámara de Diputados, identificando
el lugar de nacimiento y filiación partidaria de los diputados, número de proyectos de ley
propuestos por cada parlamentario, tipo de autoría de la propuesta, situación del asunto en el
trámite legislativo y en el caso de propuestas archivadas, se recogió el motivo del archivo.
También se verificó el contenido de cada proyecto propuesto y con base en las comisiones que
debatieron el tema, se definió una clasificación de 27 temas abordados por los diputados en
sus proyectos. Este artículo muestra que las parlamentarias proponen una cantidad de
proyectos proporcional a sus colegas hombres, más del 50% de las propuestas son de un solo
autor y en cuanto a los temas de las propuestas, se refieren a áreas relacionadas con el
“cuidado” y con la en igual medida en áreas “duras”, tales como trabajo, economía, hacienda
y tributación, administración y servicio público. En relación a los temas de las agendas
feministas y de mujeres, suman un porcentaje de sólo el 12% de las propuestas presentadas,
parece que estos asuntos abordan temas relacionados con el trabajo, la salud de las mujeres y
la violencia contra las mujeres. En definitiva, la infrarrepresentación femenina en la política
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es una barrera a romper, sobre las mujeres electas se identifican avances importantes en su
desempeño parlamentario, se encuentran debatiendo temas considerados masculinos y
presentan una acción autónoma en el Parlamento, por lo que esta investigación apunta a
importancia de la presencia de grupos minoritarios en los cargos de elección popular. En el
caso de las diputadas, la mayor presencia de mujeres en este espacio político fortalece la
representación femenina sustantiva, además de poder contribuir a que los temas de género
sean más visibles en las agendas de los parlamentarios de ambos sexos.
PALABRAS CLAVE: Diputados federales brasileños. Representación sustantiva.
Comportamiento parlamentario femenino.
1. Introduction
This article maps the profile of female parliamentarians through data on the legislative
production of Brazilian federal deputies in the legislatures of 2003-2007, 2007-2011, and 2011-
2015, focusing on the type of legislative proposals related to feminist and women-related issues.
The research is based on a bibliographic debate that proposes considering new forms of political
representation, with an emphasis on substantive representation, as indicated by the works of
Pitkin (1972), Phillips (2001), Mansbridge (2003), Urbinati (2006a, 2006b), Warren (2006),
and Young (2006).
In this context, this article aims to analyze the female presence from the perspective of
substantive representation and its implications in the Brazilian Parliament. Based on data on
the underrepresentation and women's access channels in politics, we propose to analyze the
political performance of women and investigate whether there is substantive representation in
their parliamentary actions and the results of this form of representation.
We used a quantitative and qualitative methodology to construct this research. Almeida,
Lüchmann, and Ribeiro (2012) and Silva (2015) organized a database containing the following
information: federal deputies per legislature, bills presented by each of them, number of
statements transformed into law, classification by thematic area, and additional observations
regarding the legislatures of 2003-2007, 2007-2011, and 2011-2015. This database was
complemented with new variables related to synthesizing the content of the proposed bill
summaries and the result of the legislative process during the legislatures considered in this
study.
The data collection was conducted on the Chamber of Deputies' Portal from July to
September 2018, and the data transposition to the SPSS Statistical Program was carried out
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between October and December of the same year. This allowed for frequency tests to be
conducted among the variables present in the database of this research.
Regarding the proposition of projects authored by women, it is observed that female
deputies present projects in areas related to care, such as education, health, children and
adolescents, penal code, and violence. However, it is worth noting the progress of these women
in proposing projects in hard areas such as labor, economy, finance, taxation, administration,
and public service. As for the type of authorship of these propositions, it is found that 85% of
the projects are authored individually; however, approved plans tend to be jointly authored.
About projects with feminist agendas and those aimed at women, female deputies propose a
reduced percentage of propositions addressing women's interests in the world of work,
situations of violence, and women's health care.
The re-election of women in Parliament represents a form of substantive representation,
showing that these women are consolidating themselves in this space, despite the barriers faced
to achieving an elective position, motivated by cultural and social factors. Thus, re-election
signifies overcoming these difficulties, and future studies may indicate whether these deputies
remain in these positions by meeting the interests of their constituents.
Regarding the obstacles to substantive female representation, it is observed that the low
number of women in Parliament can interfere with their parliamentary activities. It is identified
that men occupy most seats in state and party caucuses; therefore, increasing female presence
can contribute to a more significant number of projects on topics related to women.
Regarding the approval of propositions, only 4% of the proposals authored by women
result in legal norms. As for the content of these propositions, they cover topics such as
commemorative dates, appointments and designations, culture, children and adolescents, penal
code and violence, health, administration and public service, sports, gender, traffic code,
transportation and transit, electoral code, party organization, referendums and plebiscites, and
labor. It is important to emphasize that the low approval of projects occurs for both sexes. In
the case of women, the main reason for the filing of propositions is the end of the legislative
term. Therefore, the project is archived when there are no requests from the parliamentarians.
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2. The Female Parliamentary Profile in the Legislatures from 2003 to 2015
The presence of Brazilian women in Parliament is low; however, an increase in the
number of elected female deputies exercising their mandates can be observed throughout the
legislatures from the 1990s to 2019. According to data from the IPU
2
the percentage of women
in the Brazilian Parliament in the 1990s, 2000s, and 2010s are as follows: in the legislature
from 1995 to 1999 (6.6%), 1999 to 2003 (6.8%), 2003 to 2007 (8.6%), 2007 to 2011 (8.6%),
2011 to 2015 (9.9%), 2015 to 2019 (10.7%), and 2019 to 2023 (15%).
The increase in the number of women occupying seats in the Federal Legislative
Chamber is noteworthy in the Brazilian legislatures from 2015 to 2019 and 2019 to 2023. In
the legislature from 2015 to 2019, there were 65 parliamentarians (51 titular, nine substitutes,
and five filling vacancies), representing 10.4% of the total number of women. In the legislature
from 2019 to 2023, there were 77 parliamentarians (77 titular and one substitute until March
30, 2019), representing 15% of the total number of women.
When analyzing the legislatures considered in this study (2003-2007, 2007-2011, and
2011-2015), a predominance of male presence occupying seats in the Federal Legislative
Chamber is observed, with an average of 90% of the positions filled by men. Therefore, there
was no significant increase in the number of women in this space during the period considered
in this study.
Thus, as it is a minority group in the Brazilian Federal Legislative Chamber, this
research considered all female deputies, including titular members, substitutes (who replace
parliamentarians on leave for a certain period), and those filling vacancies (substitutes who
assume the parliamentary position), regardless of the period in which they held the position.
The following data illustrate this composition:
2
Inter-Parliamentary Union (IPU). Available at: https://www.ipu.org/news/press-releases/2017-03/. Accessed in
14 jul. 2019.
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023006, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1051 7
Table 1 - Female Deputies by Legislature Conditions from 2003-2007, 2007-2011, and 2011-
2015
Legislature
2003-2007
2007-2011
2011-2015
Aggregate of
Legislatures
N
%
N
%
N
%
N
%
42
81
45
87
45
75
132
80
6
12
4
8
11
18
21
13
4
8
3
6
4
7
11
7
52
100
52
100
60
100
164
100
Source: Compiled by the author using data from the National Congress portal.
Table 01 indicates 164 female deputies in the Federal Legislative Chamber present in
the legislatures from 2003 to 2015. Regarding titular female deputies, there is a balance in the
number of parliamentarians in this status in the legislatures of 2003-2007 and 2007-2011. From
2011 to 2015, the legislature had fewer titular female deputies compared to the previous
parliamentary term. However, this legislature has the highest number of parliamentarians when
considering the sum of the titular, substitutes, and those Hired, compared to the others. This is
due to the increase in alternate and those filling vacancies who assumed mandates during this
period. In terms of percentages, the first legislature had 20% of substitutes and those filling
vacancies, the second had 14%, and the third stands out with 25% of female deputies in these
conditions.
3. Female-authored bills on feminist and women's agendas in the legislatures from 2003
to 2015
In this study, we specifically analyzed propositions with feminist agendas, that is, topics
originating from women's movements and groups seeking gender equality in all areas of
society, as well as plans aimed at women in general, addressing subjects such as disease
prevention and labor rights, among others. This classification considers the bibliographic
debate on gender and substantive representation addressed in this research.
To identify the topics related to feminist and women's agendas, we analyzed the subject
headings of the projects addressing women's issues. Among the women's plans, topics related
to health stand out (such as premenstrual syndrome, prenatal and postpartum care, menopause,
prevention and treatment of breast and cervical cancer, rubella and HPV vaccination), aesthetics
(plastic surgery), work (social security for homemakers and regulation of professions with a
Female substantial representation in the Brazilian legislative chamber, from 2003 to 2015
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strong female presence), and civil matters (divorce, paternity recognition, and issues related to
motherhood and baby's health).
Regarding feminist topics, we considered those that involve the agenda of feminist
movements advocating for gender equality, addressing issues that, when not addressed, can
lead to gender inequality. Some examples of these topics include the female body, addressing
therapeutic abortion (when the fetus has abnormalities, including anencephaly) and abortion in
cases of rape; the right to female sterilization and free choice of contraceptive methods, such
as the morning-after pill; health, addressing the rights of women with HIV; public policies in
the field of social assistance related to the Bolsa Família benefit for female heads of households
and in cases of women who have experienced sexual violence; social security rights for
domestic workers; gender discrimination; work, addressing equal labor rights between genders,
job stability for pregnant employees, and sexual harassment in the workplace; violence,
addressing victims of sexual and domestic violence; tributes to women advocating feminist
causes; issues of homophobia and same-sex relationships; rights of women prisoners; sexual
orientation for adolescent girls; promoting women's political participation and combating the
abusive and discriminatory public use of women's image.
The following table shows the number of projects proposed by female deputies,
considering the following classification: feminist schedule, women's docket, and other plans.
According to the data below:
Table 2 - Projects proposed by female deputies aggregated from the legislatures of 2003-
2007, 2007-2011, and 2011-2015 by agendas
Agendas of proposed projects
No. of proposed
projects
%
Other schedule's
2093
88
Feminist agendas
232
10
Docket for women
42
2
Total
2367
100
Source: Compiled by the author using data from the National Congress portal.
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Table 2 shows that female deputies proposed 232 projects with feminist agendas and 42
projects with docket for women. Therefore, only 12% of the propositions address women's
interests. These data reveal a low percentage of projects proposed by female deputies related to
women's issues compared to the rate of projects on other agendas.
In this context, international (CAUL, 1999; CELIS et al., 2008; FRANCESCHET,
2008; PRINCE, 2007) and national studies (CASTRO, 2007; KARLINSKI, 2012; MOTTA,
2016; PAIVA; HENRIQUE; SILVA; 2013; PINHEIRO, 2006; POST, 2015) highlight the
importance of substantive female representation in politics, as well as descriptive
representation, as they assume that the greater the number of women holding elective positions,
the greater the inclusion of agendas aimed at women.
The underrepresentation of women in Parliament can hinder the increase of proposals
on topics related to the female universe. It is essential to strengthen substantive representation
by increasing the number of female deputies to intensify the debate on feminist and women's
agendas. Additionally, it is crucial to broaden the understanding of the content of proposals that
address women's issues, as the themes of these projects intersect with various sectors of society
where women seek to overcome gender inequality. However, there is no problem if a man
shows greater involvement with women's issues than a woman, as both genders should act
equitably about the various topics proposed by lawmakers.
However, women are still a minority in the legislature, which emphasizes that increasing
the number of female deputies could favor greater acceptance of feminist and women's agendas,
resulting in favorable opinions in committees and the plenary, increasing interest in their
approval, and benefiting gender politics. Even in cases where the female deputy does not have
a direct interest in these agendas, she can advocate for these issues and contribute to
strengthening policies aimed at women in Congress.
In light of this, the following tables present data on the relationship between projects
with feminist and women's agendas, considering the thematic area, type of authorship, status of
the proposal (archived, in progress, and approved), reasons for archiving, and the parties of the
deputies. This data contributes to understanding the nature of matters that address women-
related subjects.
The following table presents the relationship between the thematic area and projects that
address feminist and women's agendas. Although these agendas generally aim to address
women's issues, it is possible to observe the interaction of these proposals with various thematic
areas such as education, the world of work, health, and violence, among others. Through this
Female substantial representation in the Brazilian legislative chamber, from 2003 to 2015
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analysis, we can identify the content of these projects beyond the gender issue, that is, how
these agendas can impact various sectors of society and mobilize the interests of women's
groups and feminist movements that seek gender equality and representation of their demands.
See the table below:
Table 3 - Projects proposed by female deputies aggregated from the legislatures of 2003-
2007, 2007-2011, and 2011-2015 by thematic area and feminist and women's agendas
Thematic area of proposed projects
Feminist agendas
Women's docket
N
%
N
%
Administration and Public Service
3
1
-
-
Social Assistance
6
3
-
-
Civil Code
-
-
3
7
Traffic Code, Transportation, and Transit
-
-
1
2
Electoral Code, Party Organization, Referendums, and Plebiscites
16
7
-
-
Criminal Code and Violence
35
15
1
2
Consumer Affairs
-
-
1
2
Children and Adolescents
5
2
1
2
Human Rights
2
1
-
-
Economy, Finance, and Taxation
3
1
-
-
Education
3
1
-
-
Sports
1
0
3
7
Gender
58
25
4
10
Other
15
6
-
-
Racial and Ethnic Issues
2
1
-
-
Rural and Land Issues
2
1
-
-
Health
22
9
20
48
Public Safety
-
-
1
2
Labor
59
25
7
17
Total
232
100
42
100
Source: Compiled by the author with data from the National Congress portal.
In Table 3, it can be observed that projects addressing feminist issues account for 15%
of the propositions related to the criminal code and violence, 25% are about gender, 9% address
health, and 25% are focused on work. These themes make up a total of 74% of the propositions
addressing these topics. Regarding projects dedicated to the feminist theme, 10% are devoted
to it, 48% to health, and 17% to work. These themes account for 75% of the propositions related
to these issues.
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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These data reveal that feminist and women-focused agendas address topics related to
work, gender, health, criminal code, and violence. These themes reflect the reality of Brazilian
women who seek to reduce gender inequality in the workforce, have dignified access to
healthcare, particularly in issues such as abortion and women's preventive health, and reduce
the number of femicides in the country. It is essential to highlight the percentage of propositions
related to feminist issues, which underscores the importance of various women's movements
and associations that aim to give voice to women's political demands.
Regarding the topics addressed in the aforementioned thematic areas, projects with
feminist agendas deal with the social security rights of domestic workers, sexual harassment
against women in the workplace, combating gender discrimination in the professional
environment, equal pay between men and women, employer-provided nursery or daycare for
children under five years old, voluntary sterilization for both men and women, public policies
for women, abortion, use of the female image, gender discrimination or prejudice, and
homoaffective and homophobic issues.
Additionally, they address violence against women, with a focus on domestic violence,
and issues related to health, such as medical assistance for incarcerated women, rights of
pregnant women, postpartum and postpartum period, distribution of female condoms, sexual
orientation, prevention of sexually transmitted diseases and drug use, and rights of women with
HIV. As for projects with agendas for women, they address topics related to women's health,
the prevention and treatment of breast and uterine cancer, and specific vaccination for females.
In Table 20, it is possible to observe the thematic areas that address only one of the
agendas above. In the case of feminist agendas, the following themes stand out: administration
and public service, social assistance, electoral code, party organization, referendums and
plebiscites, human rights, economy, finance and taxation, education, and others
(commemorative dates, tributes, and designations), racial and ethnic issues, rural and land
issues. Regarding agendas for women, the following themes are highlighted: civil code, traffic
code, transportation, consumer rights, and public security.
Thus, female deputies who propose projects with themes related to feminist agendas and
agendas for women contribute to the reduction of gender inequality in the workplace, the
defense of women against violence, and the guarantee of maternal rights. The involvement of
female parliamentarians with these issues allows for a broader debate within women's groups
and movements in Parliament, providing women with a more consolidated and less unequal
space in society.
Female substantial representation in the Brazilian legislative chamber, from 2003 to 2015
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023006, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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The following table presents the relationship between projects with feminist and
women's agendas and the type of authorship, that is, whether the propositions addressing these
subjects were proposed by a main author, an author with co-authorship, or a co-author.
Table 4 Projects proposed by female deputies aggregated from the legislatures of 2003-
2007, 2007-2011, and 2011-2015 by feminist and women's agendas and type of authorship
Authorship Type
Feminist Agendas
Women's Agendas
N
%
N
%
Main Author
197
85
39
93
Author with co-authorship
25
11
3
7
Co-author
10
4
-
-
Total
232
100
42
100
Source: Compiled by the author with data from the National Congress portal.
Table 4 reveals that 85% of the proposed projects with feminist agendas are authored
solely by a single author, while 93% of the proposed projects with agendas for women are also
authored solely by a single author. This percentage decreases when it comes to projects with
co-authorship, representing 11% of the projects with feminist agendas and 3% with dockets for
women. Furthermore, the percentage is even lower in projects co-signed by the deputies, with
4% of the propositions with feminist agendas and 0% of the recommendations with agendas for
women.
In this context, the data presented in the table above indicates that, despite the low
percentage of projects proposed by the deputies regarding women's interests, they stand out as
pioneers in this regard, as most of these propositions are presented with sole authorship. These
data reflect Young's study (2006), which advocates for advancing minority groups in politics.
In the case of women, an increase in representatives in the political space allows for an opening
for the discussion of topics related to women, facilitating the proposition and defense of these
agendas by the female gender. Thus, women's participation in politics contributes to increasing
female representatives in the political space and strengthens the substantive representation of
minority groups.
The following data indicate the status of the bills with feminist agendas and agendas for
women, whether archived, in progress or transformed into legal norms.
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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Table 5 - Projects proposed by female deputies aggregated from the legislatures of 2003-
2007, 2007-2011, and 2011-2015 by feminist and women's agendas and project status
Project Status
Feminist Agendas
Women's Agendas
N
%
N
%
Archived
117
50
19
45
In progress
101
44
20
48
Enacted into law
14
6
3
7
Total
232
100
42
100
Source: Compiled by the author using data from the National Congress portal.
Table 5 reveals that 50% of projects with feminist agendas have been archived, 44% are
still under consideration, and 6% have been enacted into law. As for projects with agendas for
women, 45% have been archived, 48% are still under consideration, and 7% have been enacted
into law. The status of projects for both agendas is similar, with approximately 50% of projects
being archived, which also applies to projects related to other dockets addressed in this study.
The following table presents the relationship between the thematic areas of proposed
and approved projects addressing feminist and women's agendas.
Table 6 - Projects proposed and approved by female deputies aggregated from the legislatures
of 2003-2007, 2007-2011, and 2011-2015 by thematic area and feminist and women's
agendas
Approved project thematic areas
Feminist Agendas
Women's Agendas
N
%
N
%
Criminal Code and violence
3
21
-
-
Sports
-
-
1
33
Gender
3
21
-
-
Others (commemorative dates, honors, designations)
7
50
-
-
Labor
1
7
-
-
Health
-
-
2
67
Total
14
100
3
100
Source: Compiled by the author using data from the National Congress portal.
Female substantial representation in the Brazilian legislative chamber, from 2003 to 2015
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Table 6 indicates that feminist agendas account for 50% of the approved propositions
in the "Others" category (commemorative dates, honors, designations), 21% in the Criminal
Code and Violence category, 21% in the Gender category, and 7% in the Labor category. As
for agendas for women, 67% of the approved propositions focus on health, and 33% are related
to sports.
Regarding the content and authorship of projects that have been transformed into legal
norms, in the legislature from 2003 to 2007, 7 projects were approved. Deputy Iara Bernardi -
PT/SP was the author of 2 propositions addressing sexual and domestic violence against
women, Iriny Lopes - PT/ES was the author of the proposition on violence against women,
Laura Carneiro - PFL/RJ was the author of the proposition declaring writer Rose Marie Muraro
as the Patroness of National Feminism, Luiza Erundina - PSB/SP was the author of the proposal
on pregnant women, and Rose Freitas - PMDB/ES was the author of the propositions
designating the National Day of Human Rights and establishing the National Day of Traditional
Midwives. In the legislature from 2007 to 2011, a request by Deputy Alice Portugal -
PCdoB/BA was approved, which focused on labor and banned the intimate search of women in
the workplace. In the legislature, from 2011 to 2015, 6 projects were approved. Deputy Ana
Arraes - PSB/PE was the author of the proposition honoring Bárbara Pereira de Alencar, Luiza
Erundina - PSB/SP was the author of the proposal on internet violence (amendment to the
Carolina Dickmann Law), Manuela D'Avila - PCdoB/RS was a co-author of the proposition on
internet violence (amendment to the Carolina Dickmann Law), Mara Gabrilli - PSDB/SP was
a co-author of the proposal on sports (special pension for athlete Laís Souza), and Sandra
Rosada - PSB/SP was the author of the propositions honoring Clara Felipa Camarão and Jovita
Alves Feitosa.
In relation to the 66 projects on the topic of work, only one project was approved. This
shows that, despite female representatives being more active in this area, projects are not
supported at the same rate as proposed. Issues related to violence against women receive more
attention in this space than those related to women in the professional world. However, female
deputies are creating space for this topic, representing a significant advancement for women.
Themes that address feminist and women's agendas are considered secondary in the
parliamentary debate, as there is greater interest among lawmakers and their factions in
proposing topics in the areas of work and economy. Therefore, even if male parliamentarians
offer projects on these topics when they assume positions such as committee rapporteurs, they
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may not have the same understanding of the subject matter as a woman would. This can lead to
early vetoing of the project in the legislative process and hinder gender politics.
According to Franceschet (2008), female parliamentarians seek to incorporate gender
issues into party policies, engage with public agencies that address the topic, and participate in
women's groups and organizations. In this case, it is essential to understand the demand that
female deputies receive regarding gender, what women's movements and groups are advocating
for, and the interest of these topics for the deputies.
According to Urbinati (2006a, 2006b), it is essential to understand the connections
between the State and society, how these spheres communicate, and how their interests flow in
politics. Despite the low percentage of projects addressing gender issues, female
parliamentarians play a substantial role by actively engaging in the legislative process,
addressing topics previously seen as exclusively male, such as economy, finance, and taxation.
The following table presents the relationship between the reason for archiving and the feminist
and women's agendas of the projects based on the data shown below:
Table 7 - Projects proposed by female deputies archived, aggregated from the legislatures of
2003-2007, 2007-2011, and 2011-2015, by feminist and women's agendas and reason for
archiving
Reason for archiving the project
Feminist Agendas
Women's Agendas
N
%
n
%
Requested by the project's author
9
8
-
-
Expired deadline for project appeal
5
4
-
-
Lack of project re-submission by the author
3
3
1
5
Project rejected in committee
11
9
5
26
Project vetoed in committee or in plenary
-
-
-
-
Project archived due to the end of the legislative term
67
57
9
47
Unconstitutionality and/or lack of legality; financial and
budgetary inadequacy of the project
1
1
-
-
Project damaged
21
18
4
21
Total
117
100
19
100
Source: Compiled by the author using data from the National Congress portal.
Female substantial representation in the Brazilian legislative chamber, from 2003 to 2015
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Table 7 indicates that, regarding projects with feminist agendas, 57% of them were
archived due to the end of the legislative term. In these cases, there was no interest from the
project's author and other lawmakers to request the reactivation of the proposal. Additionally,
18% of the projects were damaged by the committee. As for projects with agendas for women,
47% were archived due to the end of the legislative term, the committee rejected 26% due to
disagreement among members regarding the content of the matter, and 21% were considered
damaged by the committee.
Another relevant fact is that neither the feminist nor the women-oriented agendas had
projects archived due to vetoes in committees or plenary sessions. This is significant
considering the gender inequality in our country and the predominantly male environment in
the Federal Legislative Chamber. Generally, proposals addressing women's issues flow
naturally through the legislative process in the legislatures covered in this study.
Analyzing the data of projects with feminist agendas and those for women, we observe
that all these propositions were referred to the respective committees responsible for the
relevant topics. When a project is considered damaged or rejected, resulting in its archiving, we
can conclude that it is in the committees where these projects become stagnant, according to
Diniz (1999, p. 62, our translation).
The committee system is the optimal unit for decision-making because it
reduces external risks, with no or minimal increase in decision costs compared
to assembly costs. It produces a positive-sum outcome for the general public
and enables substantive minorities (ethnic, religious, etc.) to have a higher
probability of obtaining approval for their preferences in committees.
The following table shows the relationship between the parties of the female deputies
and their projects with feminist and women's agendas.
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Table 8 - Projects proposed by female deputies aggregated from the legislatures of 2003-
2007, 2007-2011, and 2011-2015 by feminist and women-oriented agendas and parties
Party
Projects with feminist agendas
Projects with agendas for women
N
%
N
%
DEM
1
-
-
-
PCdoB
31
13
6
14
PDT
10
4
1
2
PFL
26
11
2
5
PL
2
1
1
2
PMDB
32
14
6
14
PMN
1
-
1
2
PP
9
4
1
2
PPS
5
2
4
10
PR
7
3
1
2
PSB
20
9
4
10
PSC
2
1
-
-
PSDB
10
4
4
10
PSOL
2
1
-
-
PT
68
29
11
26
PTdoB
2
1
-
-
PV
3
1
-
-
Without Party
1
-
-
-
Total
232
100
42
100
Source: Compiled by the author using data from the National Congress portal.
Table 8 shows that regarding the percentage of projects addressing feminist agendas,
PT congresswomen proposed 29% of the proposals, followed by PMDB with 14%, PCdoB with
13%, PFL with 11%, and PSB with 9%. As for agendas for women, PT congresswomen
proposed 26% of the propositions, followed by PCdoB and PMDB with 14%, PPS and PSB
with 10%, and PSDB with 10%. These data reveal that congresswomen from PCdoB, PPS,
PMDB, and PT stand out in the percentage of projects for both agendas, while representatives
from PPS and PSDB stand out only in agendas for women. The fact that representatives work
on both dockets or only one may be related, among other factors, to party influence in
addressing topics that promote the interests of minorities, such as women.
According to Figueiredo and Limongi (1999), the transfer of legislative responsibilities
to the Executive Branch and party leaders contributes to the centralization of the decision-
making process due to the recurring practice of forming broad governmental coalitions.
According to the authors, this structure allows the Executive to establish the rhythm and content
of the legislative agenda. As a result, legislators are limited in legislating in substantive policy
areas and cannot meet their constituents' interests.
Female substantial representation in the Brazilian legislative chamber, from 2003 to 2015
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Figueiredo and Limongi (1999) also address party influence in Parliament, arguing that
the principle adopted for the distribution of parliamentary rights is party-based, meaning that
parties distribute positions according to the strength of their caucuses. The majority party holds
the presidency of the chamber. Additionally, the composition of technical committees follows
the principle of party proportionality, and party leaders do the distribution of parliamentarians
in committees. The internal regulations recognize the existence of the leaders' group, which
plays an essential role in determining the agenda of the proceedings. In this context, although
the Executive does not have full support from its party bases, it does not encounter an
insurmountable obstacle in Congress to implement its agenda.
By prioritizing women in this analysis, we are altering how we examine legislative
production and its consequences. Despite being basic, some presented data are essential for
mapping female legislative activity and contributing to the literature dealing with practical
women's representation in politics.
In this situation, female representatives exercise their parliamentary function to the same
extent as their male counterparts. This data is evidenced when analyzing the type of authorship
of a project, with over 50% of proposals being presented as the principal authors. It is also
observed that most female representatives follow their propositions and intervene when
necessary through requests, aiming to advance their matters in the legislative process.
Gender-related issues are not prioritized on their agendas. Transforming a proposition
into legal norms is a complex process, as many propose amendments to existing laws or present
new laws, implying changes to the Constitution that affect various sectors of society and the
State.
For scholars in the field of legislation, who address the quality of legal norms, the delay
in the processing of propositions also depends on the content of the matter, especially when
they involve changes to the Federal Constitution. In the case of less comprehensive proposals,
the delay is unjustified as it diverts focus from the proposition. However, it is necessary to
ensure the participation of different segments of society, such as minority parliamentarians,
which may prolong the processing process.
Regarding the effective representation of women, it is observed that an increase in the
number of female representatives can contribute to the discussion of gender-related and
minority issues, as the interests of the majority groups prevail in the political sphere. Law
number 11.340, known as the Maria da Penha Law, dated August 7, 2006, originated from a
project proposed in 2004 addressing the issue of domestic violence and offering the creation of
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mechanisms to combat domestic and family violence against women. This law gained
worldwide recognition as it bears the name of a Brazilian woman who suffered domestic
violence and was left paralyzed due to that attack. This woman began to fight against this type
of violence and sought to make the law more effective in such cases. This project was
transformed into legal norms and currently represents an essential link between the public
sphere and society. Although the project was not proposed by a woman but rather by the
initiative of the Executive Branch during the government of President Luiz Inácio Lula da Silva,
it is important to note that the rapporteur of the proposition was Deputy Jandira Feghali/PCdoB.
Even with a reduced number of propositions addressing gender-related issues, for
feminist and women's groups, it is essential for elected female representatives to engage in areas
predominantly occupied by male parliamentarians, as the demands of these groups aim to
achieve gender equality in the world of work and financial matters. Therefore, even if the
mentioned projects do not directly benefit underrepresented groups, the presence of women in
the debate can already be considered progress for women.
4. Final Considerations
In the Brazilian case, women are significantly underrepresented in Parliament. On the
other hand, women tend to participate in social movements and groups and engage in party
activities. However, access to politics is still limited by cultural, familial, and gender
inequalities and other factors that hinder the increase of female presence in elected positions.
Elected female representatives face difficulties occupying leadership positions within
political parties and in Parliament, with few women on the executive board or permanent
committees. This leads us to question whether women must achieve something unique to enter
this political space. This requirement does not apply in the same way to men.
In this context, the representative process, based on the substantive representation that
encourages new interests and opinions, requires greater political engagement, which can be
promoted through participation in social movements and associations. According to the
research addressed in this study, women's interests are diverse and encompass various areas
such as violence, health, and education, among others. Therefore, social movements and other
groups are ways to bring women closer to politics.
In this regard, the objective is not to determine whether women exclusively promote
women's issues, as they may not share the same interests, but rather to analyze whether the
Female substantial representation in the Brazilian legislative chamber, from 2003 to 2015
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parliamentary activity of female representatives impacts gender-related matters or if the topic
influences their political behavior. Studies of Brazilian female deputies show that these
parliamentarians may have different interests from the female electorate and include other
concerns in their agendas.
The affirmative policy of quotas raises a theoretical discussion about the relationship
between descriptive representation and substantive representation, that is, to what extent an
increase in the number of women in Parliament contributes to the representation of women's
interests in that space. There has been an increase in the number of female candidacies in Brazil,
but in the legislatures covered in this study, there is only a slight increase in the number of
women in Parliament compared to previous congresses.
Female deputies have prioritized areas such as economy, finance, taxation, and labor,
which makes it interesting to investigate the demands of women's groups and movements, such
as their claims and whether the female representatives are addressing these issues. In this study,
we have mapped what has been produced, but future studies can explore the connection between
the state and society, verifying whether the agendas of specific feminist movements and
women's groups are being incorporated into the parliamentary agendas of female
representatives and identify the acceptance in the legislature.
The obstacles that hinder substantive representation of women are related to the
presence of these women in Parliament, as the underrepresentation of this group affects
legislative production and the defense of women's rights. These discrepancies are evidenced by
the low percentage of seats occupied by women in the state delegations and the parties of female
parliamentarians. Even in states and parties with higher female representation, women are still
a minority compared to men.
There is still a long way to go in overcoming the underrepresentation of women in
politics. In addition to women, other minority groups are seeking substantive representation.
Thus, this research contributes to debunking the stereotypes that women only work in
motherhood and caregiving areas and are not prepared for the political environment. They are
playing a substantive role in their parliamentary work and actively engaging with the dynamics
of the Parliament. Therefore, it is important to strengthen policies that promote female
participation in politics, as an increase in the number of women impacts both the number of
projects and their repercussions in the legislative process.
Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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Ana Paula Cavalcante LIMÃO DA SILVA
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DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1051 23
CRediT Author Statement
Acknowledgements: The article is inspired by my doctoral dissertation, so I gratefully
acknowledge UFSCar, the institution where I pursued my doctorate in Political Science.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Data and material availability: The analyzed material is available in the bibliographical
references.
Authors' contributions: Ana Paula Cavalcante Limão da Silva is responsible for the
article's research, analysis, and writing.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.