Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049 1
REPRESENTAÇÃO FEMININA NA CENA POLÍTICA BRASILEIRA:
ESTEREÓTIPOS E PRECONCEITOS
REPRESENTACIÓN FEMENINA EN LA ESCENA POLÍTICA BRASILEÑA:
ESTEREOTIPOS Y PREJUICIOS
FEMALE REPRESENTATION IN THE BRAZILIAN POLITICAL SCENE:
STEREOTYPES AND PREJUDICES
Katia Maria BELISÁRIO1
e-mail: katia.belisario@gmail.com
Ruth de Cássia dos REIS2
e-mail: ruthdosreis@gmail.com
Como referenciar este artigo:
BELISÁRIO, K. M.; REIS, R. C. Representação feminina na cena
política brasileira: Estereótipos e preconceitos. Teoria & Pesquisa:
Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011,
2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049
| Submetido em: 30/06/2023
| Revisões requeridas em: 22/02/2023
| Aprovado em: 17/04/2023
| Publicado em: 30/06/2023
Editora:
Profa. Dra. Simone Diniz
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
Universidade de Brasília (UnB), Brasília DF Brasil. Professora da Faculdade de Comunicação. Doutorado
em Jornalismo e Sociedade (UnB).
2
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória – ES Brasil. Professora do Programa de Pós-Graduação
em Comunicação e Territorialidades. Doutorado em Comunicação (UFRJ).
Representação feminina na cena política brasileira: Estereótipos e preconceitos
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049 2
RESUMO: Quase 100 anos após a instituição do primeiro Código Eleitoral Brasileiro, em
1932, a sub-representação feminina na política ainda é uma realidade persistente. Dados do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que, embora as mulheres representem 53% do
eleitorado, nas eleições de 2022 elas conquistaram apenas 18% dos cargos em disputa. Essa
exclusão é ainda mais acentuada entre as mulheres negras e de outras etnias, classes sociais e
orientações de gênero. Os casos de abuso, assédio moral e sexual, agressões físicas, virtuais e
ameaças de morte contra as mulheres são frequentes e constantes nos noticiários. Este artigo
aborda as diversas formas de violência enfrentadas pelas mulheres na política, com foco nos
casos que ganharam destaque na mídia durante o primeiro semestre de 2022. A metodologia
utilizada inclui revisão bibliográfica e pesquisa documental, por meio de uma abordagem de
bola de neve em sites jornalísticos. Os resultados revelam que a violência política tem sido uma
ocorrência frequente e se intensifica à medida que a presença das mulheres nos espaços de poder
avança, principalmente com o crescimento do conservadorismo, incentivando atitudes
machistas e agressivas em todas as esferas da sociedade. Embora tenham sido observados
alguns avanços, como a promulgação da lei que tipifica a violência política contra a mulher, é
importante ressaltar que sua aplicação ainda é limitada e enfrenta desafios devido à cultura
machista presente no judiciário.
PALAVRAS-CHAVE: Mulheres na Política. Representação Feminina. Preconceitos.
Violência Política de Gênero.
RESUMEN: Casi 100 años después de la institución del primer Código Electoral brasileño,
en 1932, la subrepresentación femenina en la política sigue siendo una realidad. Datos del TSE
muestran que a pesar de ser el 53% del electorado, en las elecciones de 2022 las mujeres solo
obtuvieron 18% de los cargos en disputa. La exclusión es mayor entre las mujeres negras y las
mujeres de otras etnias, clases sociales y orientaciones de género. Los casos de maltrato, acoso
moral y sexual, agresiones físicas y virtuales y amenazas de muerte en su contra son constantes
en las noticias. Este artículo aborda las diversas formas de violencia que sufren las mujeres en
la política, centrándose en los casos que llegaron a los medios de comunicación en el primer
semestre de 2022. La metodologia incluye revisión bibliográfica y una investigación
documental en sitios web periodísticos. Los resultados muestran que la violencia ha sido
frecuente, y se intensifica a medida que avanza la presencia de la mujer en los espacios de
poder y crece el conservadurismo, fomentando actitudes sexistas y más agresivas en todos los
ámbitos de la sociedad.También encontramos algunos avances, como la ley que tipifica la
violencia política contra la mujer, sin embargo su aplicación aún es tímida y enfrenta la cultura
machista presente en el poder judicial.
PALABRAS CLAVE: Mujeres en la Política. Representación Femenina. Prejuicios. Violencia
Política de Género.
Katia Maria BELISÁRIO e Ruth de Cássia dos REIS
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049 3
ABSTRACT: Almost 100 years after establishing the first Brazilian Electoral Code in 1932,
female underrepresentation in politics remains a persistent reality. Data from the Superior
Electoral Court (TSE) reveals that, although women represent 53% of the electorate in the 2022
elections, they only secured 18% of the contested positions. This exclusion is even more
pronounced among Black women and women of other ethnicities, social classes, and gender
identities. Cases of abuse, moral and sexual harassment, physical and virtual assaults, and
death threats against women are frequent and constant in the news. This article addresses the
various forms of violence women face in politics, focusing on the cases that gained prominence
in the media during the first half of 2022. The methodology includes a literature review and
documentary research using a snowball approach on journalistic websites. The results reveal
that political violence has been frequent and intensified as women's presence in positions of
power advances, particularly with the growth of conservatism, which encourages sexist and
aggressive attitudes in all spheres of society. Although some progress has been observed, such
as enacting legislation that criminalizes political violence against women, it is important to
emphasize that its implementation is still limited and faces challenges due to the entrenched
misogynistic culture within the judiciary.
KEYWORDS: Women in Politics. Female Representation. Prejudice. Political Violence of
Gender.
1. Introdução
O primeiro Código Eleitoral que permitiu o voto feminino foi instituído no Brasil de
forma provisória em 24 de fevereiro de 1932, estabelecendo que apenas as mulheres casadas,
com a devida autorização do marido, e as viúvas e solteiras com renda própria poderiam votar.
Somente com o Código Eleitoral de 1934 o voto feminino foi plenamente exercido, embora
ainda sem obrigatoriedade. Apesar de quase cem anos terem se passado desde essas primeiras
legislações, a sub-representação feminina na política ainda é uma realidade em nosso país.
O Brasil ocupa a 140ª posição em representatividade política feminina entre 191 nações,
de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU Mulheres, 2020). Na América
Latina, o Brasil está à frente apenas de Belize e Haiti nesse aspecto. Apesar de todas as lutas e
reivindicações femininas ao longo de quase um século, os homens ainda dominam a política
nacional no século XXI. As desigualdades são estruturais e, mesmo com a exigência legal de
uma cota de 30% de candidatas femininas, ainda não existem mecanismos efetivos para garantir
essa participação.
As mulheres constituem a maior parte da população e também são a maioria do
eleitorado brasileiro, representando 53% (82.341.547), de acordo com dados do Tribunal
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Superior Eleitoral (TSE). No entanto, a representatividade feminina ainda é baixa. Nas eleições
de 2022, apenas 18% dos cargos em disputa foram ocupados por mulheres, enquanto 82%
ficaram com os homens. A situação é ainda mais desfavorável para mulheres negras e de outras
etnias, classes sociais e orientações de gênero. Dados da ONU Mulheres (2020) revelam que as
mulheres negras compõem o maior grupo populacional (28%), mas são as menos representadas
na política brasileira, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
A cultura patriarcal e machista impõe às mulheres a marca da violência cotidiana em
sua atuação no cenário político. Uma vez eleitas, elas ficam sujeitas a todo tipo de violência
física e psicológica, tanto em ambientes presenciais quanto na projeção desses espaços em
ambientes virtuais. Marielle Franco é um símbolo dessa luta e da hostilidade de gênero. Mulher
negra, LGBTQIA+, moradora da favela da Maré (RJ) e ativista dos direitos humanos, Marielle
foi eleita como a quinta vereadora mais votada da cidade do Rio de Janeiro em 2016. Em março
de 2018, ela foi assassinada, juntamente com seu motorista, Anderson Gomes, por motivação
política, e até hoje o mandante do crime não foi identificado.
Miguel e Feitosa (2009) constataram que os cargos executivos e parlamentares
continuam sendo percebidos como espaços masculinos, inibindo a participação feminina. Nesse
sentido, Panke (2016) também destaca que a política ainda é considerada um universo
predominantemente masculino. Albuquerque (2022) cita a cientista política Mona Krook, que
identifica cinco tipos de violência contra mulheres na política: física, psicológica, sexual,
econômica e semiótica. Essa última modalidade, proposta pela autora, refere-se ao uso de
palavras ou imagens degradantes em relação às mulheres que atuam na vida pública.
O objetivo deste artigo é investigar as diversas formas de violência enfrentadas pelas
mulheres na política nos âmbitos municipal, estadual e federal, com foco no primeiro semestre
de 2022, por meio de denúncias de violência feitas por elas e divulgadas nos meios de
comunicação jornalísticos. As questões que orientam nossa pesquisa são: por que as mulheres
continuam sendo sub-representadas na política brasileira? Qual é a causa do preconceito e da
violência contra as mulheres no cenário político do Brasil em um ano eleitoral (2022)? A
metodologia empregada envolve a realização de uma revisão bibliográfica e pesquisa
documental por meio de uma abordagem de bola de neve em portais e blogs de notícias, com o
objetivo de identificar e analisar casos de violência vivenciados por mulheres. Essa abordagem
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é fundamentada nos princípios e teorias dos estudos feministas, buscando compreender o
contexto mais amplo em que tais casos ocorrem e suas implicações sociais
3
.
1.1 Violência política: definição, tipologia e agressores
O projeto Observatório de Violência Política Contra a Mulher (2021) foi estabelecido
com o propósito de coletar dados sobre a violência política e eleitoral dirigida às mulheres no
Brasil. A deputada federal Rosangela Gomes (2021) destaca que o Observatório produziu o
Relatório 2020 2021 de Violência Política Contra a Mulher, elaborado em colaboração com
a Transparência Eleitoral Brasil, o Grupo de Pesquisa Comunicação Eleitoral PPGCom, a
Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Grupo LíderA do Observatório Eleitoral do IDP e
o Grupo Ágora, do Grupo de Estudos em Direito Eleitoral e Político da Faculdade de Direito
da Universidade Federal do Ceará (UFC).
O Observatório também é responsável pela criação da Cartilha sobre Violência Política
de Gênero, que inclui, entre outras informações relevantes, uma definição de violência política
de gênero e tipifica as agressões que podem ser cometidas contra mulheres na política. Essa
publicação também apresenta exemplos de violência física e verbal, descreve os tipos de
agressores e fornece orientações para identificar a violência e denunc-la. Trata-se de um guia
essencial para evitar a discriminação contra mulheres que decidem ingressar na política no
Brasil. De acordo com a publicação, a violência política contra as mulheres pode manifestar-se
de diversas formas:
Manifestada por ações ou omissões, de forma direta ou por meio de terceiros,
que visem ou causem danos ou sofrimento a uma ou várias mulheres com o
propósito de anular, impedir, depreciar ou dificultar o gozo e o exercício dos
seus direitos políticos pelo simples fato de ser mulher (OBSERVATÓRIO DE
VIOLÊNCIA POLÍTICA CONTRA A MULHER, 2021, p. 1).
O documento define que as agressões contra as mulheres na política podem ser tanto de
natureza física (sexual e corporal) quanto não física (simbólica, moral, econômica e
psicológica). A violência sexual inclui estupro, contato sexual não consensual, exploração e
assédio, entre outros. A violência corporal abrange casos de espancamento, prisões arbitrárias,
maus-tratos e assassinatos.
3
Colaborou na realização dos levantamentos para este artigo a bolsista de iniciação científica do Grupo de Estudos
de Comunicação, Cultura e Discurso da Ufes (Grudi) Laura Helena de Paula Valentim Ribeiro.
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Entre as formas de violência não física está a violência simbólica, que, segundo a
publicação, envolve o uso de linguagem discriminatória, a objetificação das mulheres e a
exclusão de assentos no Parlamento, entre outras práticas. A violência moral refere-se a
diferentes formas de difamação, injúria e calúnia. A violência econômica abrange danos à
propriedade, negação de acesso ou desvio de recursos, e instrumentos de trabalho, além da falta
de investimento em campanhas. A violência psicológica engloba intimidação, ameaças contra
a vítima, familiares ou pessoas próximas, isolamento social, entre outras formas de abuso.
A publicação destaca que os agressores podem ser classificados em três categorias: a)
Institucionais, incluindo polícia, forças de segurança pública, forças armadas, instituições
governamentais, representantes dos três poderes, servidores públicos e agentes eleitorais; b)
Político Não-Estatal, abrangendo candidatos, líderes e membros de partidos políticos, forças
paramilitares; e c) Sociais, englobando veículos de comunicação, líderes religiosos,
comunidade, empregadores, familiares e eleitores.
É importante mencionar também a definição de violência política contra a mulher
contida na Lei Ordinária n.° 14.192/2021, publicada no Diário Oficial da União em 05/08/2021:
Art. 3º Considera-se violência política contra a mulher toda ação, conduta, ou
omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos
políticos das mulheres, assim como atos que impliquem distinção, exclusão
ou restrição no reconhecimento, gozo ou exercício de seus direitos e de suas
liberdades políticas fundamentais, em virtude do sexo (BRASIL, 2021a).
A Lei Ordinária 14.192, sancionada em 2021, estabelece normas para prevenir, reprimir
e combater a violência política contra a mulher. A autoria do projeto é da deputada federal
Rosângela Gomes, do Partido Republicano do Brasil (PRB), e a lei decorre da proposta que ela
apresentou em 2015. O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 10/12/2020 e pelo
Senado em 15/07/2021, sendo então encaminhado para sanção presidencial. Agora, nosso
principal desafio é divulgar, difundir, propagar e fiscalizar o cumprimento dessa nova lei
(FERREIRA; RODRIGUES; CUNHA, 2021, p. 9).
Brasil (2021b) explica que a nova lei proíbe a propaganda partidária que deprecia as
mulheres ou discrimina cor, raça ou etnia. O agressor será punido com pena de reclusão de um
a quatro anos, sendo a pena acrescida de 1/3 se a agressão for praticada contra mulher gestante,
com mais de 60 anos ou com deficiência. A lei também determina mudanças nos estatutos dos
partidos políticos, que devem incluir medidas de prevenção, repressão e combate à violência
política contra a mulher. Além disso, a Lei das Eleições foi alterada, estabelecendo que nos
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debates das eleições proporcionais (cargos do Legislativo) seja respeitada a proporção mínima
de 30% de candidaturas de mulheres.
A Lei n.º 14.192/2021 é, sem dúvida, uma conquista importante em tempos de tantos
casos de violência política de gênero (VPG) no país. Outra conquista que merece ser destacada
é o acordo assinado entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Procuradoria Geral Eleitoral
(PGE) em 01 de agosto de 2022, estabelecendo diretrizes para a atuação conjunta dos dois
órgãos visando enfrentar a violência política de gênero e garantir os direitos políticos (BRASIL,
2022a). O presidente do TSE naquele ano, ministro Edson Fachin, afirmou que o objetivo do
acordo é “implementar um novo paradigma na política brasileira, garantindo igualdade de
condições e oportunidades às mulheres” (FACHIN, 2022).
Assediar, humilhar, constranger, perseguir ou ameaçar candidatas a cargos eletivos e
detentoras de mandato são crimes que podem ser denunciados por meio do número 180. A
campanha “Ligue 180”, promovida pela Câmara dos Deputados, tem sido amplamente
divulgada nas redes sociais e conta com a parceria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Ministério Público Federal (MPF), Senado Federal e apoio da Organização das Nações Unidas
(ONU Mulheres), entre outros órgãos.
2. Machismo, patriarcado e movimentos feministas
Machismo, patriarcado, controle e exclusão de gênero são características presentes na
sociedade global desde os primórdios da civilização, e no Brasil não é diferente. A história do
país é marcada pelo engajamento de lideranças e movimentos feministas, pela presença
constante de diversos grupos ativistas e por muitas batalhas travadas para garantir a participação
civil e política equânime entre os gêneros. Embora inúmeras conquistas tenham sido
alcançadas, também foram registrados muitos casos de violência e retrocessos, como os
observados durante o período da ditadura e ainda presenciados em 2022.
O direito ao voto, como apontado por Abreu (2002), foi a principal bandeira levantada
pelas mulheres insurgentes na primeira onda feminista. O pesquisador explica que o termo
suffragettes era utilizado para designar as militantes organizadas pelo direito ao voto do
Women's Social and Political Union, na Inglaterra de 1909. Suas reivindicações incluíam a
participação política, o direito ao divórcio, melhores condições de trabalho e o direito à
educação formal para as mulheres. A campanha pelo sufrágio feminino foi marcada por greves,
protestos e manifestações através da imprensa. Muitas militantes foram acusadas de tumulto e
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acabaram sendo presas. No entanto, a conquista do direito ao voto feminino, segundo Alves e
Pitanguy (1981), só foi efetivamente alcançada em 1928, após seis décadas de luta.
No Brasil, as mulheres só começaram a votar durante o governo do presidente Getúlio
Vargas, que instituiu, em 1932, o Código Eleitoral. Naquela época. O voto das mulheres casadas
era permitido, mas somente mediante autorização do marido, refletindo, nesse primeiro
documento legal, a posição patriarcal da sociedade brasileira. Moraes (2021) destaca a atuação
fundamental, mesmo que moderada, de Bertha Lutz, uma lider feminista reconhecida
internacionalmente, que também contribuiu para outras conquistas, como o acesso das mulheres
à educação, às carreiras profissionais e aos direitos trabalhistas. A pesquisadora relata que as
mulheres puderam votar e se candidatar nas eleições de 1933. A médica paulista Carlota
Queirós foi a primeira e única deputada federal eleita naquele ano. Em 1934, o voto feminino
foi incorporado à Constituição, garantindo às brasileiras, no documento máximo do país, o
pleno exercício do voto, embora sem obrigatoriedade. Somente cerca de 30 anos depois, em
1965, o voto feminino foi equiparado ao masculino, tornando-se obrigatório.
De acordo com Honório (2020), a segunda onda do feminismo foi caracterizada pela
obra de Simone de Beauvoir, pelas críticas ao consumismo americano e à manipulação do
estereótipo feminino feitas pela ativista Betty Friedan, além da percepção da escritora feminista
e ativista Kate Millett sobre a existência de uma política patriarcal de controle da sexualidade
feminina. A ideia principal que impulsionou o movimento foi a de que “nenhum destino
biológico, psíquico ou econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da
sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e
o castrado que qualificam o feminino” (BEAUVOIR, 1949, p. 9).
As mulheres, especialmente as mulheres brancas e de elite, já tinham a possibilidade de
trabalhar, estudar e serem independentes nos anos 1960. Elas eram profissionais, recebiam
salários, possuíam propriedades, desfrutavam de direitos de participação civil e política, e
haviam conquistado o direito ao divórcio e à guarda de seus filhos. No entanto, Del Re (2009)
explica que o controle sobre o corpo feminino ainda estava nas mãos do Estado, das corporações
médicas, das autoridades religiosas ou do marido e do pai. Ainda era necessário reivindicar o
controle sobre seus próprios corpos. O movimento feminista das cadas de 1960/1970 foi
contemporâneo dos movimentos de contracultura e compartilhava com os hippies a luta pela
liberdade sexual, incentivando o uso da pílula anticoncepcional.
No contexto nacional, Moraes (2021) destaca que a geração dos anos 1960 viveu um
longo período democrático, marcado pela industrialização, urbanização e expansão da classe
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média, bem como pelos valores familiares tradicionais. A autora ressalta a importância das
universidades, da política estudantil e dos experimentos artísticos (festivais de música,
literatura, teatro e o cinema novo) na construção do movimento feminista brasileiro nas décadas
de 1960/1970. Ela registra a resistência armada, as prisões, as torturas e as mortes de feministas,
bem como o exílio durante a ditadura militar no país. Além disso, constata que, no Brasil, muitas
mulheres se tornaram feministas por influência europeia, principalmente francesa.
Na visão de Moraes, a militância feminina desempenhou um papel crucial e fortaleceu-
se durante o processo de redemocratização do Brasil entre 1975 e 1982. Segundo a
pesquisadora, as mulheres agitaram o país nas lutas democráticas e também nas várias
reivindicações por anistia, políticas contra a inflação, mais creches e, por fim, para acabar com
a violência contra as mulheres.
Faludi (1991) observa que o fim da segunda onda feminista e o início da terceira se
sobrepõem no momento em que a divisão sexual e os estereótipos de gênero passaram a ser
mais perceptíveis, especialmente na linguagem e na mídia. A pesquisadora destaca a
parcialidade da imprensa, e estudos comprovam que mulheres independentes, acadêmicas ou
profissionais enfrentavam uma redução em suas chances de formar uma família, sofriam uma
queda em seu padrão de vida e podiam até desenvolver problemas psicológicos e físicos como
resultado de uma vida agitada.
A terceira onda feminista se destaca por sua disposição em abranger uma variedade de
perfis femininos, considerando que as mulheres não formam um grupo homogêneo, e reconhece
a diversidade étnica, orientações sexuais, diferenças de classe social, faixas etárias e religiões.
O termo “interseccionalidade”, popularizado por Kimberlé Crenshaw, possibilitou recortes
essenciais para a reorganização do movimento feminista. Hooks (2019) chama a atenção para
a classificação social que privilegiava os homens brancos em primeiro lugar, seguidos pelas
mulheres brancas e, por fim, alguns homens negros. As mulheres negras ocupavam o último
lugar na escala populacional, o que resultava em uma desvalorização social e naturalização da
violação de seus corpos.
No Brasil, “as instituições brasileiras republicanas foram forjadas no patriarcalismo e
no racismo, componentes estruturais da nossa história, que permanecem como formas
indeléveis do nosso tempo” (SANTANA, 2021, p. 281). Neste país, as mulheres, especialmente
as mulheres negras, sempre foram excluídas das instituições de poder. Alzira Soriano e
Antonieta de Barros foram exceções e deixaram seus nomes na história. Alzira foi prefeita de
Lajes, Rio Grande do Norte, em 1928. Antonieta era suplente e assumiu um mandato na
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Assembleia Legislativa de Santa Catarina em 1935, depois que o candidato desistiu de tomar
posse.
A pesquisadora Judith Butler chama a atenção para as restrições impostas aos modelos
de gênero:
[...] constituídos dentro dos termos de um discurso cultural hegemônico
baseado nas estruturas binárias que foram surgindo, como os discursos de
universalidade racional. Os limites são, portanto, construídos sobre o que
esses discursos consideram um domínio imaginado do gênero (BUTLER,
1990, p. 9).
Santana (2021) destaca que no Brasil, “os movimentos feminista, negro, de direitos
humanos e LGBTQIA+ abriram fissuras nos muros da política e fizeram florescer os
mandatos de Marielle Franco, Áurea Carolina, Erica Malunguinho e Leci Brandão”
(SANTANA, 2021, p. 292). No entanto, os vestígios da exclusão e do racismo continuam
presentes na sociedade e na política brasileira até os dias de hoje. O caso mais emblemático é
o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, que até o momento não foi
solucionado e nem foram apontados os responsáveis.
Com o advento da internet, o ativismo feminino ganhou visibilidade global, dando
origem à chamada quarta onda feminista. Campanhas e protestos ganharam força nas redes
sociais através de hashtags como #meuprimeiroassedio e #meuamigosecreto no Brasil, e o
movimento mais conhecido e globalizado, #metoo. A tecnologia da informação trouxe
notoriedade aos casos de violência contra as mulheres, engajando feministas e simpatizantes da
causa. O compartilhamento de experiências pessoais possibilitou a percepção de
comportamentos patriarcais e machistas. Temas como cultura do estupro, assédio e feminicídio
passaram a ser debatidos em chats, fóruns, blogs, Twitter, Facebook e outras redes sociais.
3. Representação política das mulheres e violências de gênero no Brasil
A posição do Brasil no ranking de representatividade política feminina, ocupando o 140º
lugar entre 191 nações, conforme atribuído pela ONU em 2020, não permite falar em
representação política feminina, mas sim em sub-representação. A Cartilha sobre Violência
Política de Gênero (BRASIL, 2021) aponta que apenas nove das 26 capitais brasileiras foram
governadas por mulheres desde 1985. Até o momento, tivemos apenas uma presidenta da
República no Brasil, eleita em 2010: Dilma Rousseff. Ela foi reeleita em 2014, mas sofreu
impeachment em agosto de 2016. Em seu discurso de despedida, ela afirmou: “O golpe é contra
Katia Maria BELISÁRIO e Ruth de Cássia dos REIS
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o povo e contra a nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a
imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência” (ROUSSEFF, 2016).
No ano de 2020, foram registradas 56 candidaturas femininas às prefeituras das capitais
do Brasil, sendo apenas uma eleita, em Palmas, capital do estado de Tocantins. Mulheres foram
eleitas para 12,2% das prefeituras, enquanto os homens ocuparam 84,6% dos cargos. Nas
eleições de 2022, pela primeira vez, quatro candidatas disputaram a Presidência do Brasil:
Simone Tebet, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB); Soraya Thronicke, do União
Brasil (União); Sofia Manzano, do Partido Comunista Brasileiro (PCB); e Vera Lúcia da Silva
Salgado, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). No entanto, nenhuma
delas tinha chances reais de ser eleita em uma eleição polarizada por Luiz Inácio Lula da Silva,
do Partido dos Trabalhadores (PT), no campo da esquerda, e por Jair Bolsonaro, do Partido
Liberal (PL), de tendência ultradireitista, que polariza o campo da direita. A eleição terminou
com a vitória de Lula, que obteve 50,90% dos votos. Dos 224 candidatos a governador no
Brasil, apenas 38 eram mulheres, e apenas duas foram eleitas: Raquel Lyra, do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB), em Pernambuco, e Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do
Norte (BRASIL, 2022b; 2022c).
A falta de espaço e apoio financeiro, interesses partidários e a violência de gênero são
apontados como as causas para a baixa participação feminina no cenário político nacional. As
mulheres eleitas enfrentam diversos tipos de violência física e psicológica, incluindo ameaças
à sua vida e à de suas famílias. A violência política visa claramente intimidar e enfraquecer a
determinação das mulheres em buscar seu espaço de atuação nos locais de poder do Estado,
seja no Legislativo, Executivo ou Judiciário. Mesmo aquelas com mais experiência e trajetória
percorrida, como a jornalista Manuela d'Ávila, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) do Rio
Grande do Sul, optaram por desistir de participar da disputa eleitoral de 2022 diante de ameaças
e intimidações. Manuela d'Ávila foi deputada federal de 2007 a 2015, deputada estadual de
2015 a 2019 e candidata a vice-presidente da República na eleição de 2018. Em 2022, ela alegou
ter desistido de uma candidatura ao Senado devido às ameaças de violência que ela e sua família
estavam sofrendo (RIBEIRO, 2022).
No contexto em que algumas mulheres optam por desistir ou retroceder, outras
continuam a avançar na vanguarda, beneficiando-se atualmente de condições de luta mais
favoráveis graças às legislações de incentivo à participação feminina estabelecidas por suas
predecessoras, como as cotas partidárias de candidatas, a lei que criminaliza a violência política
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e a maior conscientização da sociedade sobre a necessidade de promover a igualdade denero
na participação política das diversas minorias, em especial, das mulheres.
No entanto, nos portais e blogs de notícias, os casos de violência política se multiplicam
à medida que o número de mulheres nos ambientes de poder, especialmente no Legislativo,
aumenta. A condição de minoria das representantes femininas as coloca em maior
vulnerabilidade diante de plenários predominantemente masculinos e pouco acostumados com
sua presença. Esses espaços têm se tornado arenas de disputa e demonstração de que o
machismo se manifesta em todas as suas formas, ao mesmo tempo, em que se confrontado
pela presença de parlamentares combativas e determinadas a assegurar o lugar conquistado.
As estruturas de poder do Estado nem sempre consideram as especificidades das
mulheres ou estabelecem protocolos que não se adequam ao universo feminino. Um exemplo
disso é a ex-deputada Manuela d'Ávila. Uma foto dela amamentando sua filha de 11 meses na
Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul ganhou
repercussão em 2016, dada a natureza incomum da situação. Quando questionada sobre o
impacto daquela imagem, que circulou amplamente nos portais de notícias e nas redes sociais,
d'Ávila escreveu em uma postagem no Facebook:
A política é masculina e machista, a política não tem espaço para as mulheres,
a política não tem espaço para o que nos diferencia dos homens, a política não
tem espaço para a ingenuidade e para a alegria das crianças, não tem espaço
para a naturalidade com que conciliamos nosso trabalho e nossas lutas com
nossos bebês, (D'ÁVILA, 2016).
Em 2021, na Câmara de Vereadores de Vitória, a vereadora Camila Valadão, que
atualmente é deputada estadual pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi repreendida
por um ex-colega, o então vereador e atual deputado federal Gilvan da Federal (PL), por usar
uma blusa que tinha apenas um lado de manga comprida, deixando o outro braço e ombro
expostos, durante a sessão em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Gilvan criticou a
vestimenta da parlamentar alegando que não era adequada. Camila também teve que ouvir de
outro vereador que estava “bonita… com todo respeito ao seu esposo” (BOURGUIGNON,
2021).
Comentários jocosos e desrespeitosos, assim como elogios com conotações machistas e
sexistas direcionados às mulheres nos espaços de poder, são frequentes e muitas vezes se
enquadram no âmbito da violência política contra as mulheres ou violência política de gênero.
Embora seja um conceito estabelecido por lei, ainda está em processo de construção,
enfrentando a resistência do ethos machista e patriarcal das instâncias de julgamento baseadas
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nos códigos de conduta do Legislativo ou do Poder Judiciário, quando se trata da aplicação das
leis. Esses ambientes geralmente demonstram pouca receptividade quando indagações ou
denúncias são levantadas por parlamentares do sexo feminino perante essas instâncias de
julgamento.
Um dos casos mais conhecidos de violência política de gênero foi perpetrado pelo ex-
presidente da República, Jair Bolsonaro, quando ainda era deputado federal, contra a também
parlamentar federal Maria do Rosário, do Partido dos Trabalhadores (PT) do estado do Rio
Grande do Sul. Em 2014, ele afirmou no plenário e repetiu em entrevistas à imprensa que Maria
do Rosário “não merecia ser estuprada” porque a considerava “muito feia” e que ela não fazia
seu “tipo”. A questão foi levada à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, sendo essa a
primeira denúncia classificada como violência política de gênero recebida por essa instância de
julgamento.
A deputada também moveu ações judiciais contra o ex-deputado, que foram aceitas pelo
Supremo Tribunal Federal em 2016, resultando na condição de réu para Bolsonaro por incitação
ao estupro e ofensa à honra da parlamentar
4
. Ele foi condenado em 2019 e teve que pagar uma
indenização de R$20.114,01 à deputada, que optou por doar o valor a sete entidades do
movimento de mulheres (CALCAGNO, 2019).
Segundo os dados disponibilizados pelo site da Câmara dos Deputados, entre 2001 e
2018, o Conselho de Ética da instituição recebeu 150 denúncias; após juntar algumas delas ou
torná-las sem efeito, restaram 147. “Destes [casos], 120 foram arquivados, sendo que 58 não
foram sequer apreciados. Neste amplo, mas pouco eficaz universo, foram classificados
enquanto denúncias de violência política de gênero sete casos” (PINHO, 2020, p. 9). Entre 2019
e 2022, conforme levantamento realizado pelas autoras para este artigo, no site do Conselho de
Ética da Câmara Federal
5
, foram apresentadas 58 denúncias, sendo duas relacionadas à
violência de gênero, ambas ocorridas em 2019 contra a deputada federal Joice Hasselmann,
quando ainda era membro do Partido Liberal (PL) e fazia parte do campo de apoio ao ex-
presidente Bolsonaro.
As agressões a Hasselmann partiram do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do
ex-presidente da República, e da colega deputada federal Carla Zambelli, após
desentendimentos políticos internos no partido em que ela atuava como líder de bancada. Joice
4
Representação 36 de 2014, impetrada em conjunto pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista
do Brasil (PCdoB), PSOL e Partido Socialista Brasileiro (PSB), contra o deputado Jair Bolsonaro.
5
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/eticaedecoro/processos.html. Acesso em: 26
fev. 2023.
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Hasselmann foi acusada de ser “descontrolada” e “traíra” (termo usado coloquialmente em
substituição ao adjetivo “traidor”) e foi humilhada ao ser apelidada de Peppa Pig (referência à
personagem de desenho animado que retrata uma família de porcos) em postagens publicadas
e amplamente divulgadas nas redes sociais pelos dois parlamentares. A situação vivida por
Hasselmann demonstra que não apenas os homens adotam discursos machistas e
preconceituosos, mas também as mulheres os reproduzem, revelando baixa sororidade e
compreensão da situação desfavorável enfrentada pelas mulheres na política.
4. Violência de gênero em 2022: Ameaças dentro e fora do Legislativo
Nas casas legislativas estaduais e municipais, têm ocorrido frequentemente casos de
violência de gênero, que ganharam maior destaque nas notícias em 2022. Por meio de um
levantamento conduzido pelas autoras, utilizando a técnica de bola de neve e pesquisa de
palavras-chave no Google, foi viável identificar portais e blogs de notícias que reportaram
incidentes de violência política contra mulheres em diversas regiões do Brasil, com especial
ênfase nas mulheres que ocupam cargos nos parlamentos municipais. Alguns desses casos são
amplamente cobertos pela grande imprensa, enquanto outros são divulgados apenas em portais
regionais. Apresentaremos a seguir uma cronologia desses casos, organizada com base em suas
respectivas datas de ocorrência.
Um dos episódios mais impactantes refere-se à ex-deputada estadual paulista Isa Pena
(PSOL), que em 29 de janeiro de 2022 recebeu ameaças de estupro e morte. Uma pessoa não
identificada enviou mensagens de e-mail prometendo “golpear o crânio” de Isa com um
martelo, estuprá-la e, em seguida, decapitá-la. A deputada registrou uma queixa na Assembleia
Legislativa e na Polícia Civil, que encaminhou a denúncia para a Divisão de Crimes
Cibernéticos a fim de que fosse investigada. Essa não foi a primeira vez que a vereadora sofreu
violência. Em 2020, ela foi assediada por seu ex-colega na Assembleia Legislativa, o também
ex-deputado estadual Fernando Cury (ambos não se elegeram em 2022), do partido Cidadania,
que apalpou os seios dela durante uma sessão extraordinária. Pena registrou um boletim de
ocorrência e iniciou um processo judicial contra o ex-colega. Em dezembro de 2021, o Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo aceitou por unanimidade a denúncia do Ministério Público
por importunação sexual contra a ex-deputada, tornando Cury réu no processo. A Assembleia
Legislativa condenou Cury a 180 dias de suspensão do cargo parlamentar, e ele também foi
expulso de seu partido.
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Em 2 de fevereiro de 2022, durante o debate acerca da implementação da cota de gênero
nas eleições, o presidente da Câmara de Vereadores de Aparecida de Goiânia, André Fortaleza
(MDB), ordenou o desligamento do microfone da vereadora Camila Rosa (PSD),
interrompendo sua participação no discurso. Essa atitude agressiva do parlamentar, realizada
de forma incomum e desrespeitosa, levou Camila às lágrimas durante a sessão ordinária. A
parlamentar buscou auxílio na Ouvidoria da Mulher do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás,
que analisou a reclamação com base na Lei Federal n.º 14.192. A Polícia Civil indiciou o
parlamentar pelo crime de violência política contra a vereadora, no entanto, durante a
manifestação do Ministério Público, o promotor solicitou o arquivamento do processo. Dias
depois, em 16 de maio, o juiz eleitoral, Desclieux Ferreira da Silva Júnior, arquivou o inquérito,
alegando que o ato de desligar o microfone estava de acordo com o procedimento diário da
Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia e que a fala da vereadora foi prontamente
restaurada.
Na Câmara de Vitória, Espírito Santo, a ex-vereadora Camila Valadão também foi alvo
de uma manifestação ofensiva do ex-vereador Gilvan da Federal (PL) durante a sessão ordinária
de 9 de março. Ele ordenou que ela calasse a boca e a chamou de quietinha(FLORES, 2022).
Camila considerou essa manifestação ainda mais grave do que quando, no ano anterior, o ex-
colega a recriminou devido à sua vestimenta, uma vez que a agressão foi proferida da tribuna
do plenário, com o microfone ligado. Esse tipo de comportamento autoritário não pode ser
interpretado de outra forma senão como uma manifestação da cultura machista, que busca
silenciar e subjugar, especialmente quando uma mulher se encontra entre possíveis oponentes.
Em 15 de março de 2022, outro caso ganhou repercussão em Goiás. Durante uma
audiência pública com o secretário de educação da capital, a vereadora Aava Santiago (PSDB)
ouviu um coro de “cala a boca” vindo de seus colegas de plenário, Léo José e Clécio Alves. Na
ocasião, eles a acusaram de tentar resolver sozinha, em uma reunião a portas fechadas, o
problema dos professores em greve. Aava reagiu, acusando-os de violência política de gênero,
pois considerou a acusação infundada, mas não formalizou uma denúncia à polícia
(KETELBEY, 2022).
Ainda em março de 2022, durante um debate sobre uma emenda relacionada ao
Conselho Municipal da Mulher, a vereadora Karla Coser, do Partido dos Trabalhadores (PT),
da Câmara de Vitória-ES, foi alvo de palavras desqualificadoras proferidas pelo vereador
Gilvan Aguiar, do partido Patriotas. Ele a chamou de “mimada” e afirmou que providenciaria
“uma mamadeira e uma chupeta”, buscando descredibilizá-la e infantilizá-la (EQUIPE GN,
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2022). Camila Valadão e Karla Coser foram vítimas constantes de hostilização por parte de
alguns vereadores até o final de 2021. Como únicas vereadoras em um plenário composto por
15 parlamentares, elas adotaram várias medidas para denunciar as agressões que enfrentam,
incluindo o Ministério Público e a corregedoria da Câmara de Vitória. Apesar de pertencerem
a partidos diferentes, permaneceram firmes e solidárias. Com a saída de Camila para a
Assembleia Legislativa, Karla se torna a única vereadora em Vitória.
Em junho de 2022, as agressões contra a vereadora Karla Coser (PT), de Vitória,
voltaram a ganhar destaque nos portais de notícias quando ela foi atacada pelos vereadores Davi
Esmael, do Partido Social Democrático (PSD), e Luiz Emanuel Zouain (Cidadania), enquanto
discursava no plenário da Câmara sobre o caso de uma criança de 11 anos, de Santa Catarina,
que foi vítima de estupro e não obteve autorização judicial para realizar um aborto. Os
vereadores a chamaram de “sem noção” e “menina mimada” e questionaram sua autoridade
para se pronunciar sobre o assunto por não ser mãe (REDAÇÃO MARIE CLAIRE, 2022).
Apesar de ocorrerem alguns casos de punição e do aumento da visibilidade das mulheres
no Congresso Nacional, o que poderia resultar em maior proteção e prestígio, as deputadas
ainda convivem com o temor de que as ameaças proferidas nas redes sociais ou por meio de e-
mails se concretizem. Em agosto de 2022, a deputada federal Sâmia Bomfim, líder do Psol na
Câmara dos Deputados, recorreu à polícia após receber ameaças de estupro e morte. Por e-mail,
o agressor a insultou, chamando-a de “vagabunda” e “parasita”, e prometeu amarrá-la, estuprá-
la e assassiná-la na frente de seu filho e marido, que também é deputado federal pelo mesmo
partido. As ameaças se estenderam aos dois familiares. A deputada afirmou que não se intimida,
pois os detratores das mulheres parlamentares têm como objetivo enfraquecer a presença
feminina por meio da intimidação e do medo.
4.1 Mulheres Trans e Negras: Duplo ou Triplo Preconceito
No dia 23 de junho, a vereadora Benny Briolly (PSOL), primeira vereadora trans da
cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, tornou-se mais um exemplo do cerco enfrentado
pelas mulheres, sobretudo pelas mulheres trans. Ela recebeu ameaças de morte por e-mail
provenientes do deputado estadual Rodrigo Amorim, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),
que a insultou empregando termos racistas e transfóbicos, referindo-se a ela no masculino e
chamando-a de “aberração da natureza” e “belzebu”. Em 4 de junho de 2022, a Procuradoria
Regional Eleitoral no Rio de Janeiro, órgão do Ministério Público Eleitoral, apresentou uma
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denúncia contra o deputado por violência política de gênero devido aos ataques transfóbicos,
tornando-o réu. Amorim ficou conhecido por quebrar a placa de sinalização de uma rua no Rio
de Janeiro com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco.
As mulheres trans ocupam um papel importante na longa história de violência contra as
mulheres e na história breve, mas densa, das mulheres na política. Elas enfrentam uma
combinação de preconceito e violência direcionados tanto às mulheres como à comunidade
LGBTQIA+. Embora estejam presentes na política desde os anos 1990, com a eleição de Katia
Tapety no município de Colônia do Piauí, no estado do Piauí, e atuem atualmente em
parlamentos municipais e estaduais, as mulheres trans ainda não conseguiram chegar à Câmara
Federal ou ao Senado.
Histórias de desvalorização, preconceito, misoginia e violência são registradas em
vários municípios, sendo um dos casos mais emblemáticos o da ex-deputada estadual paulista,
ex-vereadora da capital de São Paulo e atual deputada federal, Erika Hilton (PSOL), que vive
sob proteção policial desde que um homem tentou invadir seu gabinete em 2021. Erika
processou mais de 50 pessoas que a ameaçaram nas redes sociais. Ela é a única até o momento
que tem esse tipo de proteção, enquanto a maioria das parlamentares trans enfrenta denúncias
de violência e constrangimento (HOMEM INVADE GABINETE..., 2021).
Em uma reportagem da Folha de S. Paulo que abordou 24 vereadoras trans, 17 delas
afirmaram ter sofrido algum tipo de violência
6
. A deputada federal Duda Salabert, do Partido
Democrático Trabalhista (PDT), relatou ter recebido três ameaças de morte somente no ano de
2021, quando atuava como vereadora em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Em uma das
ameaças, os criminosos anônimos também afirmaram que matariam crianças da escola onde
Duda lecionava, o que resultou na perda de seu emprego. Durante um debate em 13 de abril de
2022, ela fez um apelo para o Estado garantir a segurança de mulheres cis e trans que concorrem
a cargos eletivos e ocupam posições de poder (CAIXETA, 2022).
Em 17 de agosto de 2022, Duda Salabert recebeu uma carta com conteúdo racista,
homofóbico e nazista, que de maneira ameaçadora dizia: “Você, Duda, é um perigo para a
sociedade. Você tem que ser isolado (sic) o mais rápido possível. De preferência em um campo
de concentração cheio de porcarias igual a você” (PIMENTA, 2022).
No caso de Duda, observamos uma tripla forma de preconceito: ser mulher, trans e
negra. Mulheres negras enfrentam preconceito de forma intensa devido à combinação de
preconceito de gênero e racial. Essa realidade é abordada no dossiê desenvolvido pelo Instituto
6
Disponível em: https://www.violenciapolitica.org/. Acesso em: 10 jan. 2022.
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Marielle Franco7 sobre violência política de gênero e raça, que apresenta relatos de 11 mulheres
atuantes na área de direitos humanos. De acordo com levantamento realizado pelo mesmo
instituto, 84.418 candidatas negras concorreram às eleições municipais em 2020, mas apenas
3.634 foram eleitas, representando apenas 6% das vagas.
Mesmo assim, de acordo com Marques (2021), as eleições municipais de 2020
registraram um aumento de quase 700 cadeiras ocupadas por mulheres negras
nas câmaras municipais, além de um acréscimo de mais de 2 milhões de votos
de brasileiros e brasileiras pertencentes a esse grupo. As mulheres negras
receberam 32% a mais de votos em comparação com as eleições municipais
de 2016, indicando uma mudança significativa não apenas com o aumento da
representação das mulheres negras na política institucional, mas também com
a população brasileira cada vez mais acreditando e apoiando o projeto político
desse grupo para o nosso país. A autora também avalia que a elegibilidade das
mulheres negras foi maior em municípios com até 50 mil habitantes,
correspondendo a 88% do total de municípios brasileiros (INSTITUTO
MARIELLE FRANCO, 2021, p. 83).
Foi o racismo que levou a vereadora Elizabete Florêncio (PT), da Câmara Municipal de
Guapé, cidade localizada em Minas Gerais, a denunciar o vereador Thiago Sávio Câmara, do
Partido Verde (PV), à Polícia Civil. A acusação é de injúria racial, em decorrência do ataque
sofrido pela vereadora em de agosto, durante uma reunião da Câmara, na qual Sávio proferiu
as seguintes palavras à vereadora: “Esse discursinho de preta. A senhora não gosta de branco?
Qual é o seu problema com os brancos?” (EPTV2, 2022).
5. Considerações finais
Sâmia, Simone, Duda, Erika, Marielle, Benedita, Dilma, Katia, Carla, Camila, Benny,
Maria do Rosário e muitas outras mulheres que hoje estão envolvidas na arena política ou
passaram por ela, tiveram a dolorosa experiência de conhecer e a coragem de enfrentar a
violência política de gênero. Seus nomes constam em registros policiais, cartas ameaçadoras,
e-mails, postagens agressivas nas redes sociais e nos registros das lutas das mulheres por
espaços na política.
Nos últimos anos, as ocorrências de violência aumentaram em velocidade e quantidade,
demonstrando que o ambiente político no Brasil em 2022 foi mais tóxico e perigoso. No ano
em que quase dois séculos se transcorreram desde o início da luta pelo direito de voto das
mulheres, ocorrido no século XIX antes da promulgação da Constituição de 1824 por Dom
Pedro I, e quase um século após as mulheres terem conquistado o direito de voto, ainda que de
forma facultativa, em 1934, a baixa representatividade feminina no âmbito político continua
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sendo uma realidade no país. Essa situação é evidenciada pelas constantes ameaças dirigidas às
vereadoras, deputadas, senadoras, governadoras e presidentas eleitas.
Os resultados da pesquisa realizada oferecem pistas para responder à nossa primeira
pergunta: por que as mulheres continuam sendo sub-representadas na política brasileira? A
análise dos casos apresentados aqui revela os desafios e riscos enfrentados pelas mulheres que
ousam assumir cargos políticos. Os casos relatados neste estudo são apenas uma amostra do
nível de violência que as mulheres enfrentam diariamente no Brasil. Eles mostram que,
paralelamente ao crescimento dos movimentos conservadores e de direita, cada vez mais
mulheres se encontram em situações de grande vulnerabilidade, exigindo ões concretas e
imediatas por parte da sociedade civil e do Estado.
O outro questionamento levantado refere-se ao motivo do preconceito e da violência
contra as mulheres no cenário político brasileiro em um ano eleitoral (2022). Uma revisão
teórica sobre feminismo, representação política de gênero no Brasil e violências aponta para as
bases da sociedade brasileira, que são notoriamente machistas, patriarcais, racistas,
homofóbicas e excludentes. Infelizmente, vivemos em um país onde, apesar das mulheres
corresponderem a mais de 50% da população, elas ainda necessitam de leis para garantir voz e
espaço na vida política nacional. A superação do atual cenário requer uma mudança cultural e
estrutural profunda, que somente será possível com a ampliação da participação das mulheres
na política e em todas as esferas da vida, além do enfrentamento contínuo das situações de
injustiça que buscam enfraquecê-las.
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Katia Maria BELISÁRIO e Ruth de Cássia dos REIS
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Katia Maria BELISÁRIO e Ruth de Cássia dos REIS
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049 23
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradeço o apoio das pesquisadoras Luciana Panke e Mércia Alves
para a publicação do artigo Representação Feminina na Cena Política Brasileira:
Estereótipos e Preconceito no periódico Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: O trabalho respeitou a ética, mas não passou por nenhum comitê de ética,
uma vez que foi baseado exclusivamente em revisão bibliográfica e análise de blogues e
portais de notícias.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis para acesso com os dados e referências disponibilizados.
Contribuições dos autores: Katia Belisário (UnB) e Ruth Reis (UFES) são
respectivamente coordenadoras vice coordenadora do Germine -Grupo de Estudos de
Representatividade de Mulheres Eleitoras. Ambas trabalharam na revisão teórica e
investigação de dados sobre violência política de gênero no Brasil neste artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049 1
FEMALE REPRESENTATION IN THE BRAZILIAN POLITICAL SCENE:
STEREOTYPES AND PREJUDICES
REPRESENTAÇÃO FEMININA NA CENA POLÍTICA BRASILEIRA: ESTEREÓTIPOS
E PRECONCEITOS
REPRESENTACIÓN FEMENINA EN LA ESCENA POLÍTICA BRASILEÑA:
ESTEREOTIPOS Y PREJUICIOS
Katia Maria BELISÁRIO1
e-mail: katia.belisario@gmail.com
Ruth de Cássia dos REIS2
e-mail: ruthdosreis@gmail.com
How to reference this paper:
BELISÁRIO, K. M.; REIS, R. C. Female representation in the
Brazilian political scene: Stereotypes and prejudices. Teoria &
Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1,
e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107. DOI:
https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049
| Submitted: 10/01/2023
| Revisions required: 22/02/2023
| Approved: 17/04/2023
| Published: 30/06/2023
Editor:
Prof. Dr. Simone Diniz
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
University of Brasília (UnB), Brasília DF Brazil. Professor at the Faculty of Communication. Doctoral degree
in Journalism and Society (UnB).
2
Federal University of Espírito Santo (UFES), Vitória ES Brazil. Professor at the Graduate Program in
Communication and Territorialities. Doctoral degree in Communication (UFRJ).
Female representation in the Brazilian political scene: Stereotypes and prejudices
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049 2
ABSTRACT: Almost 100 years after establishing the first Brazilian Electoral Code in 1932,
female underrepresentation in politics remains a persistent reality. Data from the Superior
Electoral Court (TSE) reveals that, although women represent 53% of the electorate in the 2022
elections, they only secured 18% of the contested positions. This exclusion is even more
pronounced among Black women and women of other ethnicities, social classes, and gender
identities. Cases of abuse, moral and sexual harassment, physical and virtual assaults, and death
threats against women are frequent and constant in the news. This article addresses the various
forms of violence women face in politics, focusing on the cases that gained prominence in the
media during the first half of 2022. The methodology includes a literature review and
documentary research using a snowball approach on journalistic websites. The results reveal
that political violence has been frequent and intensified as women's presence in positions of
power advances, particularly with the growth of conservatism, which encourages sexist and
aggressive attitudes in all spheres of society. Although some progress has been observed, such
as enacting legislation that criminalizes political violence against women, it is important to
emphasize that its implementation is still limited and faces challenges due to the entrenched
misogynistic culture within the judiciary.
KEYWORDS: Women in Politics. Female representation. Prejudice. Political Violence of
Gender.
RESUMO: Quase 100 anos após a instituição do primeiro Código Eleitoral brasileiro, em
1932, a sub-representação feminina na política ainda é uma realidade persistente. Dados do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que, embora as mulheres representem 53% do
eleitorado, nas eleições de 2022 elas conquistaram apenas 18% dos cargos em disputa. Essa
exclusão é ainda mais acentuada entre as mulheres negras e de outras etnias, classes sociais e
orientações de gênero. Os casos de abuso, assédio moral e sexual, agressões físicas, virtuais e
ameaças de morte contra as mulheres são frequentes e constantes nos noticiários. Este artigo
aborda as diversas formas de violência enfrentadas pelas mulheres na política, com foco nos
casos que ganharam destaque na mídia durante o primeiro semestre de 2022. A metodologia
utilizada inclui revisão bibliográfica e pesquisa documental, por meio de uma abordagem de
bola de neve em sites jornalísticos. Os resultados revelam que a violência política tem sido
uma ocorrência frequente e se intensifica à medida que a presença das mulheres nos espaços
de poder avança, principalmente com o crescimento do conservadorismo, incentivando
atitudes machistas e agressivas em todas as esferas da sociedade. Embora tenham sido
observados alguns avanços, como a promulgação da lei que tipifica a violência política contra
a mulher, é importante ressaltar que sua aplicação ainda é limitada e enfrenta desafios devido
à cultura machista presente no judiciário.
PALAVRAS-CHAVE: Mulheres na Política. Representação Feminina. Preconceitos.
Violência Política de Gênero.
Katia Maria BELISÁRIO and Ruth de Cássia dos REIS
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107
DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049 3
RESUMEN: Casi 100 años después de la institución del primer Código Electoral brasileño,
en 1932, la subrepresentación femenina en la política sigue siendo una realidad. Datos del TSE
muestran que a pesar de ser el 53% del electorado, en las elecciones de 2022 las mujeres solo
obtuvieron 18% de los cargos en disputa. La exclusión es mayor entre las mujeres negras y las
mujeres de otras etnias, clases sociales y orientaciones de género. Los casos de maltrato, acoso
moral y sexual, agresiones físicas y virtuales y amenazas de muerte en su contra son constantes
en las noticias. Este artículo aborda las diversas formas de violencia que sufren las mujeres en
la política, centrándose en los casos que llegaron a los medios de comunicación en el primer
semestre de 2022. La metodologia incluye revisión bibliográfica y una investigación
documental en sitios web periodísticos. Los resultados muestran que la violencia ha sido
frecuente, y se intensifica a medida que avanza la presencia de la mujer en los espacios de
poder y crece el conservadurismo, fomentando actitudes sexistas y más agresivas en todos los
ámbitos de la sociedad.También encontramos algunos avances, como la ley que tipifica la
violencia política contra la mujer, sin embargo su aplicación aún es tímida y enfrenta la cultura
machista presente en el poder judicial.
PALABRAS CLAVE: Mujeres en la Política. Representación Femenina. Prejuicios. Violencia
política de género.
1. Introduction
The first Electoral Code that allowed female suffrage was provisionally instituted in
Brazil on February 24, 1932, establishing that only married women, with the husband's
authorization, and widows and single women with their income could vote. Only with the
Electoral Code of 1934 was female suffrage fully exercised, although still not mandatory.
Although nearly a century has passed since these early legislations, female underrepresentation
in politics is still a reality in our country.
Brazil ranks 140th in terms of female political representation among 191 nations,
according to data from the United Nations (UN Women, 2020). In Latin America, Brazil is
ahead only of Belize and Haiti in this aspect. Despite women's struggles and demands over
almost a century, men still dominate national politics in the 21st century. The inequalities are
structural, and even with the legal requirement of a 30% quota for female candidates, there are
still no effective mechanisms to guarantee this participation.
Women constitute the majority of the population and are also the majority of the
Brazilian electorate, representing 53% (82,341,547), according to data from the Superior
Electoral Court (TSE). However, female representation is still low. In the 2022 elections, only
18% of the contested positions were occupied by women, while 82% went to men. The situation
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is even more unfavorable for Black women and those from other ethnicities, social classes, and
gender orientations. Data from UN Women (2020) reveals that Black women make up the
largest population group (28%), but they are the least represented in Brazilian politics,
according to data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE).
The patriarchal and sexist culture imposes a daily mark of violence on women in their
participation in the political scene. Once elected, they become subject to all kinds of physical
and psychological violence, both in physical spaces and in the projection of these spaces in
virtual environments. Marielle Franco is a symbol of this struggle and gender hostility. A Black,
LGBTQIA+ woman, resident of the Maré favela (RJ), and human rights activist, Marielle was
elected as the fifth most-voted councilwoman in Rio de Janeiro in 2016. In March 2018, she
was assassinated, along with her driver, Anderson Gomes, for political reasons, and to this day,
the mastermind behind the crime has not been identified.
Miguel and Feitosa (2009) observed that executive and parliamentary positions are still
perceived as male-dominated spaces, inhibiting female participation. In this sense, Panke
(2016) also emphasizes that politics is still considered a predominantly male universe.
Albuquerque (2022) cites political scientist Mona Krook, who identifies five types of violence
against women in politics: physical, psychological, sexual, economic, and semiotic. The latter,
proposed by the author, refers to using derogatory words or images about women in public life.
This article aims to investigate the various forms of violence women face in politics at
the municipal, state, and federal levels, focusing on the first semester of 2022 through reports
of violence made by them and disseminated in journalistic media. The guiding questions of our
research are: why do women continue to be underrepresented in Brazilian politics? What is the
cause of prejudice and violence against women in the political scenario of Brazil in an election
year (2022)? The methodology employed involves conducting a literature review and
documentary research through a snowball approach in news portals and blogs, aiming to
identify and analyze cases of violence experienced by women. This approach is based on the
principles and theories of feminist studies, seeking to understand the broader context in which
such cases occur and their social implications
3
.
3
The scientific research intern from the Group of Communication, Culture, and Discourse Studies at Ufes (Grudi),
Laura Helena de Paula Valentim Ribeiro, contributed to the data collection for this article.
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1.1 Political Violence: Definition, Typology, and Aggressors
The project Observatório de Violência Política Contra a Mulher (2021) was established
to collect data on political and electoral violence directed toward women in Brazil. Federal
Deputy Rosangela Gomes (2021) emphasizes that the Observatory produced the "2020-2021
Report on Political Violence Against Women," developed in collaboration with Transparência
Eleitoral Brasil, the Research Group in Electoral Communication PPGCom, the Federal
University of Paraná (UFPR), the LeaderA Group of the Electoral Observatory of IDP, and the
Ágora Group of the Electoral and Political Law Study Group of the Federal University of Ceará
(UFC).
The Observatory is also responsible for creating the Guide on Gender-Based Political
Violence, which includes, among other relevant information, a definition of gender-based
political violence and categorizes the aggressions that can be committed against women in
politics. This publication also provides examples of physical and verbal violence, describes the
types of aggressors, and offers guidance on identifying and reporting violence. It serves as an
essential guide to prevent discrimination against women who decide to enter politics in Brazil.
According to the publication, political violence against women can manifest in various forms:
Manifested through actions or omissions, either directly or through third
parties, that aim to cause harm or to suffer to one or multiple women with the
purpose of nullifying, preventing, deprecating, or hindering the enjoyment and
exercise of their political rights solely because they are women
(OBSERVATÓRIO DE VIOLÊNCIA POLÍTICA CONTRA A MULHER,
2021, p. 1, our translation).
The document defines that the aggressions against women in politics can be of both
physical nature (sexual and bodily) and non-physical (symbolic, moral, economic, and
psychological). Sexual violence includes rape, non-consensual sexual contact, exploitation, and
harassment. Bodily violence encompasses physical assault, arbitrary arrests, mistreatment, and
murder.
Among the forms of non-physical violence is symbolic violence, which, according to
the publication, involves discriminatory language, objectification of women, and exclusion
from parliamentary seats, among other practices. Moral violence refers to different forms of
defamation, insult, and slander. Economic violence encompasses property damage, denial of
access, misappropriation of resources and work instruments, and lack of investment in
campaigns. Psychological violence includes intimidation, threats against the victim, family
members, close associates, social isolation, and other forms of abuse.
Female representation in the Brazilian political scene: Stereotypes and prejudices
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The publication highlights that aggressors can be classified into three categories: a)
Institutional, including police, public security forces, armed forces, government institutions,
representatives of the three branches of government, public servants, and electoral agents; b)
Non-State Political, encompassing candidates, leaders, and members of political parties,
paramilitary forces; and c) Social, including media outlets, religious leaders, the community,
employers, family members, and voters.
It is also important to mention the definition of political violence against women
contained in Ordinary Law No. 14,192/2021, published in the Official Gazette on 08/05/2021:
Art. 3º Political violence against women is considered any action, conduct, or
omission aimed at preventing, obstructing, or restricting women's political
rights, as well as acts that imply distinction, exclusion, or restriction in the
recognition, enjoyment, or exercise of their rights and fundamental political
freedoms based on sex (BRASIL, 2021a, our translation).
The Ordinary Law 14,192, enacted in 2021, establishes norms to prevent, repress, and
combat political violence against women. The bill was authored by federal deputy Rosângela
Gomes of the Partido Republicano do Brasil (PRB), and the law stems from the proposal she
presented in 2015. The bill was approved by the Chamber of Deputies on 12/10/2020 and by
the Senate on 07/15/2021 and was then sent for presidential sanction. Our main challenge is to
publicize, disseminate, propagate, and monitor compliance with this new law (FERREIRA;
RODRIGUES; CUNHA, 2021, p. 9).
Brasil (2021b) explains that the new law prohibits party propaganda that deprecates
women or discriminates based on color, race, or ethnicity. The aggressor will be punished with
imprisonment for one to four years, with the penalty increased by 1/3 if the aggression is
committed against a pregnant woman, a woman over 60 years old, or a woman with a disability.
The law also mandates changes in the statutes of political parties, which must include measures
to prevent, repress, and combat political violence against women. Furthermore, the Electoral
Law has been amended, establishing that in proportional elections debates (Legislative
positions), a minimum proportion of 30% of women candidates must be respected.
Law No. 14,192/2021 is undoubtedly essential in the country, with many cases of
gender-based political violence (GBPV). Another achievement that deserves to be highlighted
is the agreement signed between the Superior Electoral Court (TSE) and the Electoral General
Prosecutor's Office (PGE) on August 1, 2022, establishing guidelines for the joint action of the
two institutions to address gender-based political violence and safeguard political rights
(BRASIL, 2022a). That year, the President of the TSE, Minister Edson Fachin, stated that the
Katia Maria BELISÁRIO and Ruth de Cássia dos REIS
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agreement's objective was to "implement a new paradigm in Brazilian politics, ensuring equal
conditions and opportunities for women" (FACHIN, 2022, our translation).
To harass, humiliate, embarrass, stalk, or threaten female candidates for elective
positions and holders of public office are crimes that can be reported through the number 180.
The campaign "Ligue 180" (Call 180), promoted by the Chamber of Deputies, has been widely
disseminated on social media and is supported by the Superior Electoral Court (TSE), the
Federal Public Ministry (MPF), the Federal Senate, and the United Nations Women, among
other organizations.
2. Chauvinism, patriarchy, and feminist movements
Sexism, patriarchy, gender control, and exclusion are characteristics present in global
society since the beginning of civilization, and Brazil is no exception. The country's history is
marked by the engagement of leaders and feminist movements, the constant presence of various
activist groups, and many battles fought to ensure equitable civil and political participation
between genders. Although numerous achievements have already been made, there have also
been many cases of violence and setbacks, as observed during the dictatorship period and still
witnessed in 2022.
Abreu (2002) pointed out that the right to vote was the leading cause championed by
insurgent women during the first wave of feminism. The researcher explains that the term
"suffragettes" was used to designate the activists organized by the Women's Social and Political
Union for the right to vote in England in 1909. Their demands included political participation,
the right to divorce, better working conditions, and legal education rights for women. The
campaign for women's suffrage was marked by strikes, protests, and demonstrations through
the press. Many activists were charged with disturbance and ended up being arrested. According
to Alves and Pitanguy (1981), achieving women's suffrage rights was accomplished only in
1928, after six decades of struggle.
In Brazil, women only began to vote during the government of President Getúlio
Vargas, who established the Electoral Code in 1932. At that time, the vote of married women
was allowed, but only with the husband's authorization, reflecting the patriarchal position of
Brazilian society in this first legal document. Moraes (2021) highlights the fundamental, albeit
moderate, role of Bertha Lutz, an internationally recognized feminist leader who contributed to
other achievements, such as women's access to education, professional careers, and labor rights.
Female representation in the Brazilian political scene: Stereotypes and prejudices
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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The researcher reports that women could vote and run for office in the 1933 elections. The São
Paulo doctor Carlota Queirós was the first and only female federal deputy elected that year. In
1934, women's suffrage was incorporated into the Constitution, guaranteeing Brazilian women
the whole exercise of the vote in the country's highest document, although it was not mandatory.
Only about 30 years later, in 1965, women's suffrage was equated with men's suffrage and
became mandatory.
According to Honório (2020), the second wave of feminism was characterized by the
work of Simone de Beauvoir, the critiques of American consumerism and the manipulation of
the female stereotype by activist Betty Friedan, as well as the perception of feminist writer and
activist Kate Millett regarding the existence of a patriarchal politics of control over female
sexuality. The main idea that propelled the movement was that "no biological, psychological,
or economic destiny defines the shape that the human female assumes in society; it is the
entirety of civilization that elaborates this intermediate product between the male and the
castrated that qualifies the feminine" (BEAUVOIR, 1949, p. 9, our translations).
Women, mainly white and elite, could already work, study, and be independent in the
1960s. They were professionals, received salaries, owned property, enjoyed civil and political
participation rights, and had achieved the right to divorce and custody of their children.
However, Del Re (2009) explains that control over the female body was still in the hands of the
state, medical corporations, religious authorities, or the husband and father. It was still
necessary to claim control over their bodies. The feminist movement of the 1960s/1970s was
contemporary with the counterculture movements and shared with the hippies the struggle for
sexual freedom, encouraging the use of birth control pills.
In the national context, Moraes (2021) highlights that the generation of the 1960s lived
through a long democratic period marked by industrialization, urbanization, the expansion of
the middle class, and traditional family values. The author emphasizes the importance of
universities, student politics, and artistic experiments (music festivals, literature, theater, and
the New Cinema) in constructing the Brazilian feminist movement in the 1960s/1970s. She
documents the armed resistance, arrests, torture, and deaths of feminists, as well as exile during
the military dictatorship in the country. Furthermore, she notes that in Brazil, many women
became feminists due to European influence, especially from France.
According to Moraes, women's militancy played a crucial role and strengthened during
Brazil's re-democratization between 1975 and 1982. According to the researcher, women stirred
Katia Maria BELISÁRIO and Ruth de Cássia dos REIS
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the country into democratic struggles and also in various demands for amnesty, policies against
inflation, more daycare centers, and, ultimately, to end violence against women.
Faludi (1991) observes that the end of the second wave of feminism and the beginning
of the third wave overlap when gender division and gender stereotypes become more
noticeable, especially in language and the media. The researcher highlights the bias of the press,
and studies confirm that independent, academic, or professional women faced a reduction in
their chances of forming a family, experienced a decline in their standard of living, and could
even develop psychological and physical problems as a result of a hectic life.
The third wave of feminism stands out for its willingness to encompass a variety of
female profiles, considering that women do not form a homogeneous group, and recognizes
ethnic diversity, sexual orientations, and differences in social class, age groups, and religions.
The term "intersectionality," popularized by Kimberlé Crenshaw, enabled essential
intersections for reorganizing the feminist movement. Hooks (2019) draws attention to the
social hierarchy that privileged white men first, followed by white women, and finally, some
Black men. Black women occupied the last place in the population scale, resulting in social
devaluation and the naturalization of the violation of their bodies.
In Brazil, "Brazilian republican institutions were forged in patriarchy and racism,
structural components of our history that remain as indelible forms of our time" (SANTANA,
2021, p. 281, our translation). In this country, women, especially Black women, have
permanently been excluded from positions of power. Alzira Soriano and Antonieta de Barros
were exceptions and left their names in history. Alzira was the mayor of Lajes, Rio Grande do
Norte, in 1928. Antonieta was a substitute and assumed a seat in the Legislative Assembly of
Santa Catarina in 1935 after the candidate withdrew from taking office.
Researcher Judith Butler draws attention to the restrictions imposed on gender models:
[...] constituted within the terms of a hegemonic cultural discourse based on
binary structures that have emerged, such as discourses of rational
universality. The limits are therefore constructed on what these discourses
consider an imagined domain of gender" (BUTLER, 1990, p. 9, our
translation).
Santana (2021) highlights that in Brazil, "the feminist, Black, human rights, and
LGBTQIA+ movements have already opened cracks in the walls of politics and made the
mandates of Marielle Franco, Áurea Carolina, Erica Malunguinho, and Leci Brandão flourish"
(SANTANA, 2021, p. 292). However, traces of exclusion and racism remain in Brazilian
society and politics. The most emblematic case is the assassination of Councilwoman Marielle
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Franco in Rio de Janeiro, which has not yet been solved, and the responsible parties have not
been identified.
With the advent of the internet, feminist activism gained global visibility, giving rise to
the so-called fourth wave of feminism. Campaigns and protests gained strength on social media
through hashtags such as #meuprimeiroassedio (#myfirstharassment) and #meuamigosecreto
(#mysecretfriend) in Brazil, and the most well-known and globalized movement, #metoo.
Information technology brought notoriety to cases of violence against women, engaging
feminists and supporters of the cause. The sharing of personal experiences enabled the
perception of patriarchal and misogynistic behaviors. Topics such as rape culture, harassment,
and femicide began to be discussed in chats, forums, blogs, Twitter, Facebook, and other social
media platforms.
3. Political Representation of Women and Gender-Based Violence in Brazil
Brazil's position in the ranking of female political representation, occupying 140th place
out of 191 nations, as assigned by the UN in 2020, does not allow us to speak of female political
representation but rather of underrepresentation. The Handbook on Gender Political Violence
(BRAZIL, 2021) indicates that only nine out of 26 Brazilian state capitals have been governed
by women since 1985. So far, we have had only one female President in Brazil, elected in 2010:
Dilma Rousseff. She was reelected in 2014 but was impeached in August 2016. In her farewell
speech, she stated, "The coup is against the people and the nation. The coup is misogynistic.
The coup is homophobic. The coup is racist. It is the imposition of a culture of intolerance,
prejudice, and violence" (ROUSSEFF, 2016, our translation).
In 2020, there were 56 female candidates for mayor of the Brazilian state capitals, with
only one being elected in Palmas, the capital of the state of Tocantins. Women were elected to
12.2% of mayoral positions, while men occupied 84.6%. In the 2022 elections, for the first
time, four female candidates ran for the Presidency of Brazil: Simone Tebet from the Brazilian
Movimento Democrático Brasileiro (MDB); Soraya Thronicke from União Brasil (Union);
Sofia Manzano from the Partido Comunista Brasileiro (PCB); and Vera Lúcia da Silva Salgado
from the Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). However, none of them had
a real chance of being elected in an election polarized between Luiz Inácio Lula da Silva from
the Partido dos Trabalhadores (PT) on the left-wing side and Jair Bolsonaro from the Partido
Liberal (PL), with an ultra-right tendency, polarizing the right-wing side. The election ended
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with Lula's victory, who obtained 50.90% of the votes. Out of the 224 candidates for governor
in Brazil, only 38 were women, and only two were elected: Raquel Lyra from the Partido da
Social Democracia Brasileira (PSDB) in Pernambuco and Fátima Bezerra (PT) in Rio Grande
do Norte (BRAZIL, 2022b; 2022c).
The lack of space and financial support, partisan interests, and gender-based violence
are the causes of women's low participation in the national political scene. Elected women face
various physical and psychological violence, including threats to their lives and families.
Political violence aims to intimidate and weaken the determination of women to seek their space
of action in positions of power within the state, whether in the Legislative, Executive, or
Judicial branches. Even those with more experience and a significant trajectory, such as
journalist Manuela d'Ávila from the Partido Comunista do Brasil (PCdoB) in Rio Grande do
Sul, chose to withdraw from the electoral race in 2022 due to threats and intimidation. Manuela
d'Ávila was a federal deputy from 2007 to 2015, a state deputy from 2015 to 2019, and a
candidate for Vice President of the Republic in the 2018 election. In 2022, she claimed to have
given up her candidacy for the Senate due to the threats of violence that she and her family
were experiencing (RIBEIRO, 2022).
In the context where some women choose to give up or step back, others continue to
advance at the forefront, currently benefiting from more favorable conditions for the struggle
thanks to legislation promoting female participation established by their predecessors, such as
party quotas for female candidates, laws criminalizing political violence, and increased societal
awareness regarding the need to promote gender equality in the political participation of diverse
minorities, particularly women.
However, on news portals and blogs, cases of political violence are multiplying as the
number of women in positions of power, especially in the legislative branch, increases. The
minority status of female representatives puts them at greater vulnerability in predominantly
male chambers unaccustomed to their presence. These spaces have become arenas of contention
and demonstrate that sexism manifests in all forms while simultaneously being confronted by
assertive and determined parliamentarians seeking to secure their place.
The power structures of the State often fail to consider the specificities of women or
establish protocols that do not accommodate the female universe. An example of this is former
deputy Manuela d'Ávila. A photo of her breastfeeding her 11-month-old daughter in the
Commission of Constitution and Justice of the Legislative Assembly of Rio Grande do Sul
gained prominence in 2016 due to the unusual nature of the situation. When asked about the
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impact of that image, which circulated widely on news portals and social media, d'Ávila wrote
in a Facebook post:
Politics is male-dominated and sexist. Politics does not have space for women.
Politics does not have space for what differentiates us from men. Politics does
not have space for the innocence and joy of children. It does not have space
for the naturalness with which we balance our work and struggles with our
babies (D'ÁVILA, 2016, our translation).
In 2021, at the City Council of Vitória, councilwoman Camila Valadão, who is currently
a state deputy for the Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), was reprimanded by a former
colleague, then-councilman and current federal deputy Gilvan da Federal (PL), for wearing a
blouse that had only one long sleeve, leaving the other arm and shoulder exposed, during the
session celebrating International Women's Day. Gilvan criticized the attire of the
parliamentarian, claiming it was inappropriate. Camila also had to listen to another councilman
saying she looked "beautiful... with all due respect to your husband" (BOURGUIGNON, 2021).
Jocular and disrespectful comments, as well as compliments with sexist and
misogynistic connotations directed at women in positions of power, are frequent and often fall
within the realm of political violence against women or gender-based political violence.
Although it is a concept established by law, it is still in the process of development, facing
resistance from the macho and patriarchal ethos of judgment based on the Legislature's or
Judiciary's codes of conduct when it comes to the enforcement of laws. These environments
often demonstrate little receptivity when female parliamentarians raise inquiries or allegations
before these judgment instances.
One of the most well-known cases of gender-based political violence was perpetrated
by former President Jair Bolsonaro when he was still a federal congressman against fellow
federal parliamentarian Maria do Rosário from the Partido dos Trabalhadores (PT) in Rio
Grande do Sul. In 2014, he stated on the floor of the chamber and reiterated in interviews with
the press that Maria do Rosário "did not deserve to be raped" because he considered her "very
ugly" and she was not his "type." The issue was brought before the Chamber of Deputies Ethics
Committee, marking the first complaint classified as gender-based political violence received
by that judgment instance.
The congresswoman also filed lawsuits against the former congressman, which were
accepted by the Supreme Federal Court in 2016, resulting in Bolsonaro being charged with
Katia Maria BELISÁRIO and Ruth de Cássia dos REIS
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incitement to rape and offense against the honor of the parliamentarian
4
. He was convicted 2019
and ordered to pay compensation of $4.207,33 (R$20,114,01) to the congresswoman, who
chose to donate the amount to seven women's movement organizations (CALCAGNO, 2019).
According to data provided on the Chamber of Deputies website, between 2001 and
2018, the Ethics Committee received 150 complaints. After consolidating some of them or
declaring them ineffective, 147 remained. "Of these cases, 120 were archived, with 58 not even
being considered. In this broad but ineffective universe, seven cases were classified as gender-
based political violence complaints" (PINHO, 2020, p. 9, our translation). Between 2019 and
2022, according to the research conducted by the authors for this article on the Federal
Chamber's Ethics Committee
5
website, 58 complaints were submitted, two of which were
related to gender-based violence. Both incidents occurred in 2019 against federal
congresswoman Joice Hasselmann when she was still a member of the Partido Liberal (PL) and
part of the support base for former President Bolsonaro.
The attacks on Hasselmann came from federal congressman Eduardo Bolsonaro, the son
of the former President, and fellow federal congresswoman Carla Zambelli, following internal
political disagreements within the party where she served as the caucus leader. Joice
Hasselmann was accused of being "uncontrolled" and a "traitor" and was humiliated by being
nicknamed Peppa Pig (a reference to the animated character depicting a pig family) in posts
published and widely shared on social media by the two parliamentarians. The situation
experienced by Hasselmann demonstrates that men adopt sexist and prejudiced discourse, but
women also reproduce them, revealing a lack of sisterhood and understanding of the
unfavorable circumstances women face in politics.
4. Gender-based violence in 2022: Threats within and outside the Legislature
Gender-based violence has frequently occurred in state and municipal legislative bodies,
gaining greater prominence in the news in 2022. Through a snowball sampling technique and
keyword research on Google, the authors conducted a survey that identified news portals and
blogs reporting incidents of political violence against women in various regions of Brazil, with
a particular focus on women holding positions in municipal parliaments. Some cases receive
4
Motion No. 36 of 2014, filed jointly by the Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB),
PSOL e Partido Socialista Brasileiro (PSB), against Deputy Jair Bolsonaro.
5
Available at: https://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/eticaedecoro/processos.html. Accessed on: 26
Feb 2023.
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extensive coverage in the mainstream media, while others are only reported on regional portals.
The following is a chronological account of these cases, organized based on their occurrence
dates.
One of the most significant episodes involves former São Paulo state deputy Isa Pena
(PSOL), who, on January 29, 2022, received threats of rape and death. An unidentified
individual sent emails promising to "strike her skull" with a hammer, rape her, and decapitate
her. The deputy lodged a complaint with the Legislative Assembly and the Civil Police, who
forwarded the report to the Cybercrime Division for investigation. This was not the first
instance in which the legislator had experienced violence. In 2020, she was harassed by her
former colleague in the Legislative Assembly, former state deputy Fernando Cury (neither of
whom was reelected in 2022), from the Cidadania party, who groped her breasts during an
extraordinary session. Pena filed a police report and initiated legal proceedings against her
former colleague. In December 2021, the São Paulo State Court unanimously accepted the
Public Prosecutor's complaint of sexual harassment against the former deputy, making Cury a
defendant in the case. The Legislative Assembly suspended Cury from his parliamentary
position for 180 days, and he was expelled from his party.
On February 2, 2022, during a debate on the implementation of gender quotas in
elections, the president of the City Council of Aparecida de Goiânia, André Fortaleza (MDB),
ordered the microphone of councilwoman Camila Rosa (PSD), to be turned off, interrupting
her speech. This aggressive and disrespectful act by the legislator performed unusually, brought
Camila to tears during the session. The councilwoman sought assistance from the Women's
Ombudsman of the Regional Electoral Court of Goiás, which analyzed the complaint based on
Federal Law No. 14,192. The Civil Police indicted the councilman for political violence against
the councilwoman. However, during the Public Prosecutor's statement, the prosecutor requested
that the case be dismissed. Days later, on May 16, the electoral judge, Desclieux Ferreira da
Silva Júnior, dismissed the investigation, stating that turning off the microphone was in
accordance with the daily procedure of the City Council of Aparecida de Goiânia and that the
councilwoman's speech was promptly restored.
In the City Council of Vitória, Espírito Santo, former councilwoman Camila Valadão
was also the target of offensive remarks by former councilman Gilvan da Federal (PL) during
the regular session on March 9. He ordered her to shut up and told to her to "keep it quiet"
(FLORES, 2022). Camila considered this manifestation even more serious than when, the
previous year, her former colleague criticized her for her attire, as the aggression was delivered
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from the plenary podium with the microphone on. Such authoritarian behavior can only be
interpreted as a manifestation of a sexist culture, seeking to silence and subjugate, especially
when a woman finds herself among potential opponents.
On March 15, 2022, another case gained attention in Goiás. During a public hearing
with the capital's education secretary, councilwoman Aava Santiago (PSDB) heard a chorus of
"shut up" from her fellow council members, Léo José and Clécio Alves. On that occasion, they
accused her of trying to resolve, on her own, behind closed doors, the problem of striking
teachers. Aava reacted by accusing them of gender-based political violence, as she deemed the
accusation unfounded, but she did not formally file a complaint with the police (KETELBEY,
2022).
Also in March 2022, during a debate on an amendment related to the Municipal
Women's Council, councilwoman Karla Coser, from the Partido dos Trabalhadores (PT), in the
City Council of Vitória-ES, was the target of disparaging words uttered by councilman Gilvan
Aguiar, from the Patriotas party. He called her "spoiled" and stated that he would provide "a
baby bottle and a pacifier," seeking to discredit and infantilize her (EQUIPE GN, 2022). Camila
Valadão and Karla Coser were constant victims of hostility from some council members until
the end of 2021. As the only female councilors in a chamber composed of 15 parliamentarians,
they took various measures to denounce the aggression they faced, including involving the
Public Prosecutor's Office and the ethics committee of the City Council of Vitória. Despite
belonging to different parties, they remained strong and supportive. With Camila's departure
for the Legislative Assembly, Karla becomes the sole female councilor in Vitória.
In June 2022, the attacks against councilwoman Karla Coser (PT) from Vitória gained
prominence once again in news portals when she was attacked by councilors Davi Esmael from
the Partido Social Democrático (PSD) and Luiz Emanuel Zouain from the Cidadania Party
while delivering a speech in the plenary of the Chamber about the case of an 11-year-old child
from Santa Catarina who was a victim of rape and did not obtain judicial authorization for an
abortion. The councilors referred to her as "clueless" and "spoiled girl" and questioned her
authority to speak on the subject because she was not a mother (REDAÇÃO MARIE CLAIRE,
2022).
Despite some cases of punishment and the increased visibility of women in the National
Congress, which could result in more excellent protection and prestige, female deputies still
live in fear that the threats made on social media or through emails will materialize. In August
2022, federal deputy Sâmia Bomfim, leader of the Psol party in the Chamber of Deputies,
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turned to the police after receiving threats of rape and death. The assailant insulted her via
email, calling her a "whore" and a "parasite," and promised to tie her up, rape her, and kill her
in front of her son and husband, a federal deputy for the same party. The threats extended to
both family members. The deputy stated that she is not intimidated because the detractors of
female parliamentarians aim to weaken the presence of women through intimidation and fear.
4.1 Transgender and Black Women: Double or Triple Prejudice
On June 23, councilwoman Benny Briolly (PSOL), the first transgender councilwoman
in Niterói in Rio de Janeiro, became another example of the siege faced by women, particularly
transgender women. She received death threats via email from state deputy Rodrigo Amorim
of the Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), who insulted her using racist and transphobic terms,
referring to her in the masculine form and calling her a "nature aberration" and belzebu
6
”. On
June 4, 2022, the Regional Electoral Prosecutor's Office in Rio de Janeiro, a body of the
Electoral Public Prosecutor's Office, filed a complaint against the deputy for political gender
violence due to the transphobic attacks, making him a defendant. Amorim became known for
breaking the street sign plaque in Rio de Janeiro bearing the name of the murdered
councilwoman Marielle Franco.
Transgender women play an essential role in the long history of violence against women
and the brief but dense history of women in politics. They face prejudice and violence directed
at women and the LGBTQIA+ community. Although they have been present in politics since
the 1990s, with the election of Katia Tapety in the municipality of Colônia do Piauí, in the state
of Piauí, and currently serve in municipal and state legislatures, transgender women have not
yet been able to reach the Federal Chamber or the Senate.
Stories of devaluation, prejudice, misogyny, and violence are documented in various
municipalities, with one of the most emblematic cases being that of a former state deputy from
São Paulo, former councilwoman of the capital city of São Paulo, and current federal deputy,
Erika Hilton (PSOL), who has been living under police protection since a man attempted to
invade her office in 2021. Erika has already filed lawsuits against over 50 people who
threatened her on social media. She is currently the only one with this type of protection, while
6
It is a term that refers to a demon or malevolent entity present in various religious traditions, such as Christianity
and Judaism. His figure is associated with evil, temptation, and corruption.
Katia Maria BELISÁRIO and Ruth de Cássia dos REIS
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most transgender parliamentarians face reports of violence and harassment (HOMEM INVADE
GABINETE..., 2021).
In a report by Folha de S. Paulo that covered 24 transgender councilwomen, 17 stated
that they had experienced some form of violence
7
. Federal deputy Duda Salabert from the
Partido Democrático Trabalhista (PDT) reported receiving three death threats in 2021 alone
while serving as a councilwoman in Belo Horizonte, the capital of Minas Gerais. In one of the
threats, the anonymous criminals also stated that they would kill children at the school where
Duda taught, which resulted in her losing her job. During a debate on April 13, 2022, she
appealed for the State to guarantee the safety of cisgender and transgender women who run for
elective office and hold positions of power (CAIXETA, 2022).
On August 17, 2022, Duda Salabert received a letter with racist, homophobic, and Nazi
content, which menacingly stated: "You, Duda, are a danger to society. You need to be isolated
(sic) as soon as possible. Preferably in a concentration camp full of trash like you" (PIMENTA,
2022, our translation).
In Duda's case, we observe a triple form of prejudice: being a woman, transgender, and
Black. Black women face intense prejudice due to gender and racial bias. This reality is
addressed in the dossier developed by the Marielle Franco Institute on gender, racial, and
political violence, which presents testimonies from 11 women working in human rights.
According to a survey by the same institute, 84,418 Black female candidates ran in the 2020
municipal elections, but only 3,634 were elected, representing only 6% of the seats.
Nonetheless, according to Marques (2021), the 2020 municipal elections saw
an increase of nearly 700 seats occupied by Black women in municipal
chambers, along with an addition of over 2 million votes from Brazilians
belonging to this group. Black women received 32% more votes compared to
the 2016 municipal elections, indicating a significant shift not only in the
increased representation of Black women in institutional politics but also in
the Brazilian population increasingly believing in and supporting the political
project of this group for our country. The author also evaluates that the
eligibility of Black women was higher in municipalities with up to 50,000
inhabitants, corresponding to 88% of all Brazilian cities (INSTITUTO
MARIELLE FRANCO, 2021, p. 83).
It was racism that led councilwoman Elizabete Florêncio (PT) from the Municipal
Chamber of Guapé, a city located in Minas Gerais, to report counselor Thiago Sávio Câmara
from the Partido Verde (PV) to the Civil Police. The accusation is for racial insult, stemming
7
Disponível em: https://www.violenciapolitica.org/. Acesso em: 10 jan. 2022.
Female representation in the Brazilian political scene: Stereotypes and prejudices
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from the attack suffered by the councilwoman on August 1st, during a council meeting, in which
Sávio uttered the following words to the councilwoman: "This little speech from a black
woman. Don't you like white people? What is your problem with white people?" (EPTV2, 2022,
our translation).
5. Final Considerations
Sâmia, Simone, Duda, Erika, Marielle, Benedita, Dilma, Katia, Carla, Camila, Benny,
Maria do Rosário, and many other women who are currently involved in the political area or
have passed through it have had the painful experience of encountering and the courage to
confront political gender-based violence. Their names appear in police records, threatening
letters, emails, aggressive social media posts, and in the records of women's struggles for spaces
in politics.
In recent years, incidents of violence have increased in speed and quantity,
demonstrating that the political environment in Brazil in 2022 was more toxic and dangerous.
In a year where nearly two centuries have passed since the beginning of the fight for women's
suffrage, which occurred in the 19th century before the promulgation of the Constitution of
1824 by Dom Pedro I, and almost a century after women gained the right to vote, albeit on an
optional basis, in 1934, low female representation in the political sphere continues to be a reality
in the country. This situation is evidenced by the constant threats directed at elected
councilwomen, deputies, senators, governors, and presidents.
The research results provide clues to our initial question: why do women continue to be
underrepresented in Brazilian politics? The analysis of the cases presented here reveals the
challenges and risks faced by women who dare to assume political positions. The cases reported
in this study are just a sample of the level of violence that women face daily in Brazil. They
demonstrate that parallel to the growth of conservative and right-wing movements, more and
more women find themselves in situations of significant vulnerability, demanding concrete and
immediate actions from civil society and the State.
The other question pertains to the reasons behind prejudice and violence against women
in the Brazilian political landscape during an election year (2022). A theoretical review of
feminism, gender political representation in Brazil, and violence points to the foundations of
Brazilian society, which are notoriously sexist, patriarchal, racist, homophobic, and
exclusionary. Unfortunately, we live in a country where, despite women accounting for over
Katia Maria BELISÁRIO and Ruth de Cássia dos REIS
Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, São Carlos, v. 32, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2236-0107
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50% of the population, they still require laws to guarantee their voice and space in national
political life. Overcoming the current scenario requires a profound cultural and structural
change, which can only be achieved through the increased participation of women in politics
and all spheres of life, as well as the continuous confrontation of unjust situations that seek to
weaken them.
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DOI: https://doi.org/10.31068/tp.v32iesp.1.1049 23
CRediT Author Statement
Acknowledgements: I want to express my gratitude for the support of researchers Luciana
Panke and Mércia Alves in the publication of the article "Female representation in the
Brazilian political scene: Stereotypes and prejudices" in the journal Teoria & Pesquisa:
Revista de Ciência Política.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: The work adhered to ethical standards but did not undergo any ethics
committee review as it was based solely on a literature review and analysis of blogs and
news portals.
Data and material availability: The data and materials used in the study are available for
access with the provided data and references.
Authors' contributions: Katia Belisário (UnB) and Ruth Reis (UFES) are, respectively,
the coordinator and vice-coordinator of Germine - Study Group on Women Voters'
Representation. In this article, both contributed to the theoretical review and data
investigation on gender-based political violence in Brazil.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.